MotoGP

MotoE no AIA: competição elétrica ao vivo

O Mundial de MotoE, que, como se sabe, utiliza em exclusivo as motos elétricas produzidas pela Ducati, as V21L, que vieram substituir as Energica Ego Corsa desde o ano passado, estreou-se este fim de semana no Autódromo Internacional do Algarve…

Texto: DINIS DIAS (estagiário autolook.pt)

O Campeonato do Mundo FIM Enel MotoE foi criado em 2019 e é a primeira e única competição 100% elétrica de motociclismo em todo o mundo. Passados cinco anos, o Autódromo Internacional do Algarve foi o cenário privilegiado para receber, pela primeira vez, esta competição, logo integrada no Grande Prémio Tissot de Portugal de MotoGP.

Esta também foi a primeira vez que tive a oportunidade de presenciar ao vivo esta competição elétrica, o que despertou, desde logo, uma especial curiosidade para perceber como é que são as corridas de mobilidade elétrica “in loco”. Naturalmente que observei de imediato as sessões em pista da MotoE com especial atenção.

De antemão tinha algumas teorias que gostaria de confirmar, ou refutar, como também expectante para ser surpreendido. Assim, decidi diferenciar os principais destaques das corridas elétricas do ponto de vista de um fã sentado… na bancada.

BARULHO

Começarei por falar da questão mais sonante quando se trata de competição elétrica: o barulho. Devo confessar que fiquei surpreendido, visto estar à espera de encontrar um ruído muito agudo e irritante. Contudo, deparei-me com algo deveras agradável, limpo e com sensações futurísticas, onde se conseguia ouvir o som produzido pelo motor elétrico, o dos pneus a rolar no asfalto e ainda a movimentação das massas de ar aquando da passagem das motos. Esta mistura fazia lembrar um comboio a passar pela estação ou então um jato privado a aterrar no aeroporto.

Obviamente que toda esta fusão de sons não tem nada a ver com o barulho espetacular das 1000cc do MotoGP, que enchiam o corpo de adrenalina e entusiasmo apenas com o ligar dos motores. Contudo, achei que este não é completamente desprezável.

ACELERAÇÃO E SENSAÇÃO DE VELOCIDADE

Outra das nuances com o qual tinha alguma curiosidade era a questão da aceleração e da sensação de velocidade, já que, um veículo elétrico, tem a tendência para ter uma maior aceleração que os demais e de já me terem dito que isso nota-se só com o olhar. No entanto não consegui ter nenhuma dessas sensações, nem no arranque de ambas as corridas, nem ao observar os pilotos a treinarem partidas ou a ver as motos a andar em pista.

A INEXISTENTE VOLTA DE LANÇAMENTO

Porém, houve uma particularidade que achei muito esquisita no início da corrida, ou seja, a questão de que na MotoE não se faz volta de lançamento. As equipas estão na grelha, os comissários mostram a placa de 1 minuto, os mecânicos vão para as boxes e, logo de seguida, a corrida começa.

Isto foi algo que me fez confusão por, simplesmente, ser muito fora do comum, mas também porque não existe toda aquela preparação normal dos pilotos, nomeadamente com aquecimento dos pneus e o reconhecimento das condições da pista momentos antes da corrida.

QUEDAS

Outra das situações que reparei durante as corridas foi que a retirada das motos das escapatórias após uma queda demorava muito mais tempo que o normal. Em média os comissários de pista precisavam de menos de 1 minuto para retirar uma MotoGP, já as MotoE demoravam cerca de 2 minutos.

Um cenário que acaba por prejudicar o desenvolvimento da corrida e as “batalhas” em pista, porque isso implica que haja também mais tempo de bandeiras amarelas. No entanto, após uma pequena pesquisa, consegui perceber os principais motivos para que isso aconteça.

Primeiramente existe todo um procedimento por parte dos comissários de pista para que estes percebam se é seguro tocar na moto ou se ela está “viva” e pode eletrocutar alguém. Em segundo lugar, as baterias tornam as MotoE muito pesadas ao atingirem os 225 kg, o que é muito mais que uma MotoGP, que tem um peso mínimo de 157 kg.

CORRIDAS CURTAS

Por fim, gostaria apenas de referir que as corridas ficaram-me a saber a pouco, visto serem muito curtas, apenas sete voltas, e de serem espetaculares, cheias de ultrapassagens, com drama e luta pelo primeiro lugar até ao final, levando a que, após a bandeirada de xadrez, ficasse a pedir por mais. Por isso, deixo aqui o meu desejo de que, no futuro, as capacidades das motos evoluam de forma a permitirem corridas mais longas.

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