Enduro

Francês Julien Roussaly saltou para a vitória

Uma abertura animada para o Campeonato Nacional de Enduro – CFL em Santiago do Cacém, com triunfo à geral do francês Julien Roussaly à frente do regressado Luís Oliveira. o conimbricense Frederico Rocha, apoiado por autolook.pt, foi o segundo em Elite 1 e quarto na Elite Absoluto.

carlos.sousa@autolook.pt – Fotos: PEDRO MEIRA

Julien Roussaly (Sherco)

O Campeonato Nacional de Enduro – CFL teve este fim de semana honras de abertura da temporada desportiva nacional, com Santiago do Cacém e a Associação Motor Sport de Vila Nova de Santo André a regressar ao “Nacional” após duas épocas em que organizou provas de estatuto mundial.

O triunfo à geral e na classe Elite 2 pertenceu ao francês Julien Roussaly, piloto oficial Sherco que se estreia no Campeonato Nacional da especialidade, dando sequência ao domínio demonstrado na época passada pelo italiano Morgan Lesiardo, igualmente piloto oficial da marca francesa.

No segundo lugar da geral e vencedor da classe Elite 1 ficou o regressado Luís Oliveira (Yamaha YZ250), de volta à competição após uma longa recuperação da grave lesão sofrida em agosto de 2022 numa prova de Supercross, após ter conquistado nessa época os títulos Absoluto de Enduro e de MX2 no Motocross.

Luís Oliveira (Yamaha)

No terceiro lugar da geral e segundo da Elite 2 ficou Gonçalo Reis (GasGas EC500F), batendo por 30 segundos o conimbricense Frederico Rocha (Rieju MR 250). Bruno Charrua (GasGas EC250F) fechou o top 5 à geral.

A ação começou ainda no sábado à noite, véspera da prova, com uma espetacular especial Super Test desenhada numa pista dentro do paddock, no Parque de Feiras e Exposições de Santiago do Cacém, que contou com grande afluência de espectadores.

Tratou-se de uma prova que soube levar o Enduro até junto do público, não só neste Super Test mas também no domingo, com especiais de fácil acesso, como foram a Cross Test na encosta do castelo da cidade, a Enduro Test desenhada em piso de areia num pinhal em Vila Nova de Santo André e a Extreme Test a poucos quilómetros, numa encosta que fornecia quase como que um anfiteatro natural para o público.

Partida para o segundo dia

O mais rápido na Super Test foi Renato Silva (Beta RR390), batendo Roussaly e Ricardo Wilson, depois do ‘hot seat’ ter sido ocupado desde muito cedo pelo veterano Bruno Freitas, que segurou o melhor tempo até chegarem os pilotos Elite, os últimos a entrarem em cena.

No domingo, que tinha no menu três voltas e meia a um percurso de 50 km (para a Elite) e três especiais por volta, desde cedo o piloto francês da Sherco mostrou que o seu estatuto de favorito não era por acaso (Roussaly foi membro da seleção francesa que conquistou o 2.º posto do Troféu Mundial nos últimos ISDE), assegurando paulatinamente o melhor tempo em quase todas as especiais (11 em 12 no domingo), e, para além da Super Test na véspera, em que perdeu para Renato Silva, só deixou escapar o melhor tempo na última passagem pela Extreme, batido por Luís Oliveira.

Frederico Rocha (Rieju)

Julien Roussaly, que este ano vai competir nos campeonatos português e francês, para além do Mundial de Enduro, afirmaria no final ter ficado «muito contente com esta primeira corrida, que surge ainda muito cedo na temporada mas me permite preparar melhor a época».

«Fui consistente durante todo o dia, sempre a fazer bons tempos até ao fim, pelo que foi uma boa jornada. As especiais eram verdadeiramente “top”, diverti-me muito hoje. Um pouco de areia, um pouco de terreno duro, estava tudo perfeito», acrescentou o piloto francês.

Luís Oliveira terminou a 1m49s do piloto gaulês, vencendo a Elite 1 quando está ainda a ganhar ritmo após a longa paragem por lesão e na sequência de uma primeira incursão experimental, em dezembro passado, na última ronda de Enduro Sprint.

Para o piloto da Yamaha, a prova de Santiago do Cacém correu «melhor do que esperava». «Esta moto, a YZ250, é muito divertida e com um grande potencial. Já não corria com uma moto a dois tempos desde 2012, quando deixei as 125 cc, e não tive uma grande preparação para a corrida com ela. As especiais eram muito giras, muito técnicas».

Pódio da classificação geral

«A especial do castelo, com a erva, era muito igual ao que se vê em França, a areia (na Enduro Test) foi q.b. e a Extreme não a achei muito puxada, teve a dificuldade suficiente. Estava uma corrida muito bem montada. Já percebemos que o Roussaly vai estar forte o campeonato todo, mas vou trabalhar. Estou muito contente e quero agradecer à minha equipa e a todos os que estão comigo», disse ainda Luís Oliveira.

No terceiro posto e 2.º de Elite 2, Gonçalo Reis também regressou ao Enduro, numa altura em que a sua carreira tem passado essencialmente pelo papel de copiloto em provas de Rally-Raid, vindo de um Dakar em que alinhou de carro ao lado do espanhol Pau Navarro.

Para o piloto do Magoito, esta foi «uma corrida de trás para a frente, porque no Super Test de ontem caí e perdi muito tempo, fiquei em último da classe, mas no último dia estava tranquilo, embora estivesse também um pouco receoso com o físico, porque já não fazia um enduro há um ano e estava com medo de ter cãibras».

Pódio feminino

«São mais de sete horas de moto. Eu continuo a treinar, mas para ganhar ritmo não é a mesma coisa. De início andei um pouco cauteloso, mas agora ao fim, com as especiais mais estragadas, senti-me muito melhor, consegui-me soltar e chegar ao terceiro lugar. Não vou fazer o campeonato todo devido ao meu trabalho, que é o de copiloto nos rally-raids, mas estou aqui para promover a GasGas, a Maxxis e a nossa equipa, queremos trazer mais gente para a equipa», sublinhou ainda Gonçalo Reis.

Quanto a Frederico Rocha, o piloto de Coimbra apoiado por autolook.pt, foi 4.º da geral e 2.º em Elite 1. Esta foi «uma estreia positiva com a Rieju, uma moto a dois tempos», com a qual vai também alinhar no Campeonato do Mundo Júnior.

«É uma nova moto, uma nova cilindrada, mas comecei bem e fui evoluindo ao longo da corrida. Estive até ao início da última volta em terceiro da geral, mas fiz um erro na última Extreme que me custou uns segundos, e depois fiquei sem travão da frente no percurso, o que me prejudicou na última especial. Mas foi uma corrida bastante positiva para mim, tenho a moto há pouco tempo e foi acima das minhas expectativas», referiu o jovem piloto Frederico Rocha.

Com apenas três Senhoras presentes, a primazia foi para a norueguesa Vilde Holt (Husqvarna), subindo ao pódio na frente da jovem lousanense Francisca Henriques (Sherco) e da campeã em título, Mariana Afonso (Fantic).

Na Classe Open, vitória para Ruben Ferreira (Beta) em termos absolutos e na Open 1, batendo por pouco mais de um minuto Filipe “Taniko” Oliveira (Beta), que ganhou a Open 2. Francisco Salgado (GasGas) fechou o pódio Open. Tomás Alves (Husqvarna) venceu entre os Verdes, a nível absoluto e na classe Verdes 1, com Igor Domingos (Yamaha) a triunfar na Verdes 2 e Tiago Rodrigues (Beta) na Verdes 3.

Entre os Veteranos, vitória para Gil do Carmo (Honda) à frente de Hélder Ribeiro (KTM) e Bruno Freitas (GasGas), depois de uma penalização de 4 minutos ter relegado Manuel Moura para o 7.º posto. Cláudio Belchior (KTM), Albano Mouta (GasGas) e Nelson Cabeça (Yamaha) subiram ao pódio da classe de Super Veteranos, por esta ordem, enquanto, na Promoção, a vitória coube a Diogo Pais (Husqvarna), à frente de Rui Sousa (Fantic) e Hugo Matos (GasGas).

No final, e em jeito de resumo desta abertura de Campeonato, o presidente da Comissão de Enduro da Federação de Motociclismo de Portugal, Pedro Mariano, natural da Figueira da Foz, confessou estar «satisfeito com a prova», mas desapontado «com a adesão dos pilotos (134 inscritos, dos quais 26 Hobby).

«Foi um arranque de campeonato bastante positivo, é uma corrida que conhecemos bem e uma organização que vem de duas provas do Mundial, pelo que, obviamente, tem uma grande capacidade. Estávamos a andar em terrenos que conhecíamos, numa prova caracterizada por uma primeira parte de montanha, em terreno húmido mas duro, e uma segunda parte em areia», aferiu Pedro Mariano.

«Correu tudo bem, houve lutas bastante interessantes e não considero que tenha sido uma prova fácil. Foi, seguramente, uma boa prova de início de campeonato, mas tivemos pouca adesão dos pilotos, o que me custa. Estamos no Alentejo, mais longe da zona ‘central’ para muitos pilotos», afirmou ainda o dirigente da Figueira da Foz.

«Tivemos menos pilotos Hobby, mas, por outro lado, temos mais na Promoção, e quero crer que são novas licenças de pilotos que vieram da Hobby. Foi, de facto, um número baixo para um início de campeonato, vamos ver o que nos dita a segunda prova em Góis. É uma prova muito característica, muito conhecida e na região centro do país, e vamos ver o que ela nos reserva para podermos tirar algumas conclusões», finalizou Pedro Mariano.

O Campeonato Nacional de Enduro – CFL terá a sua segunda jornada em Góis, a 18 de fevereiro, antecedida, no sábado, dia 17 de fevereiro, pela ronda de abertura do Campeonato Nacional de Mini Enduro – Jetmar.

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