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Moto de 8 toneladas eterniza Paulo Gonçalves

Uma escultura com oito toneladas e cinco metros de altura, toda ela fundida e moldada com peças mecânicas usadas, está a ser construída em Constância, no distrito de Santarém, para homenagear Paulo Gonçalves, piloto que morreu em 2020 no Rali Dakar.

carlos.sousa@autolook.pt

A ideia partiu de Paulo Maria, fotojornalista de desporto motorizado e que acompanhou a carreira do piloto e o fotografou em várias provas do Dakar, de quem se tornou admirador, tendo decidido apresentar a proposta de homenagem em forma de uma escultura gigante à Associação “Speedy Forever” e à Câmara de Esposende, terra natal de Paulo Gonçalves, a qual foi aceite.

«Esta peça, esta escultura, este projeto, é um dos maiores desafios profissionais que eu alguma vez tive fora da minha área de conforto, que é o fotojornalismo, e quando lancei esta ideia sabia que ia ter proporções e um impacto muito grande e foquei-me em projetar, produzir e acompanhar a produção aqui na HJDP – fábrica de Constância – com todo o rigor técnico», começou por referir Paulo Maria.

Trata-se de uma obra «excecional e artística para que esta peça seja um tributo e uma homenagem que Esposende e os esposendenses possam dar ao filho da terra, ao herói da terra e que agora regressará de forma eterna e com uma volumetria gigante, tal como ele era, por dentro e por fora», disse à Lusa o experiente fotojornalista, em Constância, numa breve interrupção dos trabalhos.

Ao seu lado, acompanhado de três profissionais da HJDP dedicados a tempo inteiro ao minucioso trabalho de fundição, carpintaria e serralharia, está uma moto gigante, toda ela rendilhada com pequenas peças em fim de vida, simbolizando o piloto Paulo Gonçalves em plena corrida, com a roda da frente levantada, numa duna no deserto, onde o piloto português viria a morrer, no Rali Dakar de 2020, na Arábia Saudita.

«É um trabalho artesanal em formato industrial», indicou Paulo Maria, que coordena a instalação de forma presencial desde que o trabalho começou, em 16 de novembro, com viagens diárias de 300 quilómetros entre Lisboa e Constância e vice-versa, e que a empresa, escolhida pela sua «experiência, qualidade e competência», assegurou estar concluída até final de janeiro e a tempo de ser inaugurada em fevereiro em Esposende, em data a anunciar, precisamente no mês em que o piloto nasceu (5 de fevereiro 1979).

Os trabalhos na fábrica, com a azáfama de carpinteiros e soldadores em torno da escultura metálica, incidem nesta última semana na «colocação do piloto em cima da moto», num «processo de evolução diário e progressivo», envolvendo a comunidade, empresas, marcas que representou e amigos que Paulo Gonçalves granjeou através da oferta de dezenas de milhar de pequenas peças para construir a escultura, entre elas 12 mil velas que vão compor o capacete.

Questionado sobre o motivo da escolha do piloto natural da freguesia de Gemesses (Esposende) para esta homenagem, o fotojornalista Paulo Maria, agora na pele de artista plástico, deu conta de «uma pessoa marcante, quer nas provas e em termos profissionais, quer como pessoa, pela alegria, pelo trato e pelas causas sociais» que abraçou.

«O Paulo Gonçalves era um piloto que eu gostava muito de fotografar e, nas várias provas que o acompanhei, era um piloto muito ativo, muito dinâmico, super profissional e eficaz, mas, sobretudo, com uma condução divertida. Cada vez que passava por nós nas dunas sentíamos o sorriso no seu olhar e levantava a roda da frente, fazia o cavalinho, como se costuma dizer, quando passava por nós», lembrou Paulo Maria, tendo dado conta que a escultura é inspirada numa foto da última etapa do último Dakar em que Paulo Gonçalves participou.

«E foi isso que eu quis eternizar nesta posição. Uma imagem dinâmica, não estática, tal como o Paulo sempre fez na sua vida profissional e pessoal», indicou. Paulo Gonçalves destacou-se como motociclista de rali, tendo acumulado 23 títulos nas modalidades de motocross, supercross e enduro. Correu por várias equipas, colecionou vários títulos pelal Motogomes, de Coimbra, e participou em sete edições do Rali Dakar, tendo terminado um deles na segunda posição, foi campeão do mundo de ralis todo-o-terreno em 2013 e vice-campeão em 2014.

A escultura será instalada junto à Estrada Nacional 13, classificada como Rota do Norte, num Parque Urbano reabilitado e batizado de Paulo Gonçalves, em data a anunciar pelo Município.

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