24 Horas de Le Mans

Albuquerque: “Vencer é fácil de dizer, difícil fazer”

Antes de entrar este domingo em pista para o primeiro treino da sua 10.ª participação nas 24 Horas de Le Mans, o piloto e embaixador do Desporto da cidade de Coimbra e MultiSport Weekend Coimbra 2023, faz algumas considerações sobre a prova e sobre a sua época desportiva.

carlos.sousa@autolook.pt

A centésima edição das 24 Horas de Le Mans deste fim-de-semana a oito dias, marca a 10.ª participação de Filipe Albuquerque na emblemática prova francesa. Conhecida como a grande maratona do automobilismo mundial, o piloto de Coimbra, que já venceu a prova em 2020 entre os LMP2, não esconde a ambição de voltar a repetir o feito. ntes de entrar amanhã em pista, para o primeiro treino antes da corrida propriamente dita, Filipe faz algumas considerações sobre a prova e sobre a sua época desportiva.

AUTOLOOK – Antevê-se uma das maiores provas do automobilismo mundial, as 24h de Le Mans. O que representa esta prova para ti?

FILIPE ALBUQUERQUE – Le Mans é Le Mans. Todos querem ganhar. É a minha 10.ª participação. Uma boa altura para voltar a repetir a vitória de 2020! É uma prova dura, que é ambicionada por todos os pilotos. É aquela prova que todos querem fazer e vencer! Sonhei bastante com a minha primeira participação, depois com a vitória e agora sonho em fazer tudo de novo, ano após ano.

AUTOLOOK – Já contas com uma vitória na prova, mas sabe sempre a pouco. Quais os objetivos para a edição deste ano?

FILIPE ALBUQUERQUE – Como em qualquer outra corrida, os meus objetivos são sempre ganhar. Fácil dizer, difícil fazer. Temos uma boa equipa, um conjunto de pilotos muito motivados. A nossa equipa está na liderança do Campeonato do Mundo, por isso chegamos aqui como favoritos, mas numa prova tão dura como esta o favoritismo pode significar pouco.

AUTOLOOK –  Como vives os dias antes e durante a competição?

FILIPE ALBUQUERQUE – Como ando sempre entre corridas, os meus dias são sempre muito semelhantes: treinar fisicamente, relaxar e estar com a família. Analisar tudo ao pormenor e definir trabalho. Durante a corrida, sobretudo nesta que é tão desgastante, é tratar de manter os níveis de concentração bem altos. Tudo o que podermos fazer para estar física e psicologicamente alinhados é muito importante para evitar percalços. É um jogo de cintura grande que acabamos por nos ajustar com a experiência.

AUTOLOOK – Quais são os pontos fortes e fracos da tua equipa para esta edição?

FILIPE ALBUQUERQUE – Os pontos fortes são uma equipa coesa e experiente e pilotos muito motivados e focados. Conhecemo-nos todos muito bem. Trabalho com o mesmo engenheiro há seis anos. Estamos sempre muito alinhados, o que facilita o trabalho. O Frederick Lubin está connosco há pouco tempo e tem menos experiência, mas em todas as equipas há um piloto menos experiente e faz parte do ‘jogo’.

AUTOLOOK –  E os teus companheiros de equipa, acreditas que são os parceiros certos? O que mais aprecias em cada um deles?

FILIPE ALBUQUERQUE – São certamente. O Phil têm-se revelado um piloto extraordinário. Cada vez mais rápido, mais experiente e vencedor de Le Mans e do Mundo. Está tudo dito! O Frederick Lubin é rápido, mas menos experiente, mas consciente disso é um piloto muito humilde sempre com uma enorme vontade de aprender e de fazer melhor. Juntos somos uma boa tripla.

AUTOLOOK – Quais os principais fatores a ter em conta numa prova tão longa como esta?

FILIPE ALBUQUERQUE – Para mim é agir como se se tratasse de uma outra prova qualquer. Tentar afastar a pressão e manter a concentração. A pista é rápida, é fácil cometer erros. Temos de estar sempre em alerta máximo para não haver surpresas.

AUTOLOOK – Há semelhanças com as 24h de Daytona?

FILIPE ALBUQUERQUE – São duas corridas muito distintas que se assemelham na duração. Os americanos têm uma cultura muito diferente de ver as corridas. Há uma grande proximidade entre a competição e o público. Já em Le Mans, o distanciamento é maior, mas a corrida também é muito maior. São esperadas 350.000 pessoas em Le Mans durante toda a semana. A corrida também é muito diferente. A pista é muito maior, temos muito mais pontos para andar no cone ‘de ar’ dos adversários. E este ano haverá a particularidade de só termos um “safety-car”! Em anos anteriores eram três. Acho que isto vai aumentar a espetacularidade da corrida.

AUTOLOOK –  A competir em Campeonatos distintos, mas tão iguais, como achas que se poderiam complementar?

FILIPE ALBUQUERQUE – O primeiro passo para aproximar os dois campeonatos, já foi dado. Um regulamento que permite aos carros, disputar os dois campeonatos ou em particular, disputarem as 24h de Le Mans e as 24h de Daytona. Há, no entanto, culturas e pistas muito distintas. Acredito que com o passar dos anos esta proximidade será cada vez maior. Até porque desenvolver um carro desta natureza é tão caro e minucioso que dar-lhe visibilidade e oportunidade de competir ‘cá e lá’ é uma vantagem enorme. A Resistência só sai a ganhar.

AUTOLOOK – Sentes que és um privilegiado por puderes disputar dois dos melhores campeonatos de resistência?

FILIPE ALBUQUERQUE – Sou mesmo, mas trabalhei e trabalho muito para aqui estar. Estar entre os melhores do mundo é difícil, é exigente e muitas vezes castrador, porque temos de abdicar de muitas coisas para colocar a profissão em primeiro lugar. Para além disso é uma pressão enorme porque há excelentes pilotos por todo o mundo, à espera de uma oportunidade para ficar com o teu lugar. Isso obriga-me a exigir o máximo de mim e a nunca falhar ou a falhar muito pouco. Estou orgulhoso e feliz com o meu percurso. Tento tirar de dentro de mim o melhor piloto que tenho, sempre que entro em pista! Essa dedicação e empenho fazem de mim, aquilo que sou hoje. Não poderia pedir mais.

AUTOLOOK – Fazendo uma previsão, como achas que vais terminar o ano de competição?

FILIPE ALBUQUERQUE – Não faço ideia. A única certeza que tenho é que estou em equipas e campeonatos em que discuto as vitórias e os títulos. Agora é ganhar o maior número de provas e no final da temporada fazer as contas.

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