Mais dificuldades na segunda semana do Dakar
O francês David Castera, diretor de prova do Rali Dakar, admitiu hoje, durante o dia de descanso da 47.ª edição da competição, que a dureza tem sido «maior do que a prevista». «Sim, acho que é um dos mais duros. Foi um pouco mais do que o previsto», acentuou.
António Gonçalves Rodrigues (*)
O antigo piloto de motos sublinhou que a dureza que já deixou de fora nomes como o espanhol Carlos Sainz (Ford) ou o francês Sébastien Loeb (Dacia) foi também influenciada por fatores externos, como as condições meteorológicas.
«O frio não ajudou os pilotos das motos. Mas estamos dentro do plano. A segunda semana também não será assim tão simples. As duas competições, de motas e automóveis, estão muito equilibradas, ainda nada está decidido», garantiu.
De acordo com David Castera, «os três primeiros dias da segunda semana serão difíceis, os dois seguintes serão mais tranquilos e, depois, a última etapa, toda em dunas, poderá ser decisiva». «Acreditamos que tudo se poderá decidir aí, o que seria bonito. Mas vamos ver», disse o francês.
Para domingo está prevista uma etapa longa, com alguns pilotos a temerem terminar a especial já de noite. Nada que tire o sono ao diretor da corrida: «Há quase 50 anos que o Dakar é assim, com os que terminam cedo e os que terminam tarde. Fizemos muitas etapas distintas, mas essa é a história do Dakar», lembrou.
David Castera também mostrou preocupação com o momento financeiro difícil que vive a KTM, uma das marcas emblemáticas do Dakar: «Sim, preocupa toda a gente do mundo do motor. Mais de metade das motas inscritas são KTM, mas estamos convencidos que irão encontrar uma solução. Vi que receberam a aprovação do governo para o plano financeiro. Esperamos que recuperem e voltem ao nível alto», frisou o diretor de uma corrida que envolve cada vez mais portugueses, em diferentes funções.
Para além de pilotos e navegadores, há portugueses em todo o tipo de funções em várias das equipas espalhadas pelo acampamento, de Team Manager a mecânicos ou assistentes: «Houve sempre gente envolvida nesta competição. Corri a Baja de Portalegre. Tinha 18 anos quando fui a Portugal para a correr e aí conheci o José Megre. Para mim foi uma pessoa incrível e penso muitas vezes nele. O desporto português teve pilotos muito rápidos e há uma cultura de desportos motorizados», concluiu David Castera.
A 47.ª edição do Rali Dakar arrancou no dia 3 de janeiro e termina no dia 17. O australiano Daniel Sanders (KTM) lidera a prova das duas rodas, que tem em Rui Gonçalves (Sherco) o melhor dos três portugueses presentes, em 19.º. Henk Lategan (Toyota) comanda nos automóveis, categoria em que João Ferreira (MINI) é o 11.º classificado.
Sábado disputa-se a sexta das 12 etapas previstas, entre Hail a Duwadimi, a maior da edição deste ano, que inclui 605 quilómetros cronometrados.
(*) – Enviado da agência Lusa, que viajou à Arábia Saudita a convite da Repsol