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1,5 milhões de automóveis com mais de 20 anos

Associação Automóvel de Portugal propõe reintroduzir mecanismos de incentivo ao abate de veículos em fim de vida, substituindo-os por modelos de baixas emissões.

(auto.look2010@gmail.com)

Um milhão e meio de automóveis a circular em Portugal – o que corresponde a 26 por cento do total do parque automóvel – contam com uma idade superior a 20 anos. Este é apenas um dos dados analisados na conferência de imprensa que a Associação Automóvel de Portugal (ACAP) promoveu esta quarta-feira, em Lisboa. Este número assume um peso relevante, tendo em conta que, em 2000, os carros com mais de duas décadas de vida representavam apenas um por cento do total do parque.

Além de um parque automóvel envelhecido, particularmente quando comparado com a média europeia – em Portugal, no último ano, a idade média dos veículos ligeiros era de 13,4 anos, e de 15 anos tanto nos ligeiros de mercadorias, bem como nos pesados, de passageiros e de mercadorias.

Acrescente-se que, dos 5,6 milhões de carros em circulação em Portugal, em 2021, 63 por cento têm mais de 10 anos de idade. Já no que se refere à idade média dos veículos entregues para abate, em 2021, o valor rondava os 23,5 anos (em 2006, fixava-se nos 16 anos).

Tendo em conta este cenário, a ACAP propõe que Portugal reintroduza mecanismos de incentivo ao abate de veículos em fim de vida para acelerar a substituição dos veículos convencionais mais antigos e poluentes por veículos de baixas emissões.

Neste ponto, refira-se que o Acordo de Melhoria de Rendimentos – celebrado entre o Governo e os Parceiros Sociais – prevê a implementação de um plano de abate de automóveis ligeiros de passageiros em fim de vida e que o Orçamento do Estado para 2023 contempla a criação de um mecanismo que promova a renovação do parque automóvel, incentivo que deverá acumular com outros instrumentos atualmente em vigor.

A renovação do parque automóvel (e a consequente aposta na eletrificação) em Portugal – um dos dossiês prioritários no que se refere ao futuro do sector – obrigará, naturalmente, ao investimento no desenvolvimento da infraestrutura de carregamento.

Portugal terá de apostar, por isso, no aumento do número de pontos de carregamento por posto para otimizar e agilizar a rotação do carregamento e, ainda, na redução dos períodos de licenciamento.

Paralelamente a este ponto, a ACAP defende, ainda, o reforço dos incentivos aos veículos elétricos no Fundo Ambiental – seja em número, valor de incentivo ou tipologias –, a simplificação da aplicação de incentivos fiscais, a harmonização e reforço dos pacotes de incentivos indiretos e, por fim, a atuação ao nível dos preços finais para o consumidor, para aumentar a previsibilidade e a transparência dos custos de carregamento.

O CRESCIMENTO DOS VEÍCULOS ELÉTRICOS EM PORTUGAL

Em 2022, o mercado total de ligeiros de passageiros cresceu aproximadamente sete por cento, tendo o mercado de veículos elétricos registado um crescimento que ultrapassa os 34 por cento. A quota de mercado dos automóveis elétricos passou de 0 por cento, em 2009, para 11 por cento, em 2022.

Esta tendência é comprovada pela percentagem de matrículas de automóveis ligeiros de passageiros elétricos (BEV) da União Europeia, que representaram 12 por cento. Portugal segue esta tendência, com 11 por cento no total de matrículas em 2022.

Com um volume de negócios de 31 mil milhões de euros (2021), o sector automóvel em Portugal foi responsável por uma geração de riqueza (VAB) de 4,4 mil milhões de euros e por um volume de exportações que ultrapassou os oito mil milhões de euros. O sector agrega, ainda, quase 24 mil empresas e emprega mais de 150 mil trabalhadores.

Relativamente à produção automóvel, refira-se que, em 2022, foram produzidos mais de 322 mil veículos, mais 11 por cento do que no ano anterior. Acrescente-se, contudo, que, quando comparado com o ano de 2019 – o último ano antes da pandemia e durante o qual foram produzidas mais de 345 mil unidades –, 2022 registou uma queda de quase sete por cento.

No que se refere à exportação, em 2022, 97 por cento dos veículos produzidos em Portugal destinaram-se aos mercados externos, assumindo, aqui, a Alemanha – o país que recebe a maior parte dos veículos produzidos em Portugal – um papel de destaque. França, Itália, Espanha e Reino Unido encontram-se, também, entre os cinco principais destinos das exportações automóveis.

Este balanço do mercado automóvel em Portugal, promovido pela ACAP, debruçou-se sobre temas como a modernização do parque automóvel nacional e a eletrificação e investimento em postos de carregamento.

O painel de intervenientes da conferência contou com os contributos de Hélder Pedro, secretário-geral da ACAP, José Ramos, presidente da ACAP, e Pablo Puey, presidente do Conselho Estratégico da ACAP.

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