FÓRMULA 1

F1 contra restrições da FIA à liberdade de expressão

A Federação Internacional do Automobilismo (FIA) proíbe qualquer “comentário político, religioso ou pessoal” sem acordo prévio.

(auto.look2010@gmail.com)

Acusada de restringir a liberdade de expressão dos pilotos ao proibir qualquer «comentário político, religioso ou pessoal» sem acordo prévio, a Federação Internacional do Automobilismo (FIA) uniu a Fórmula 1 contra esta medida.

O britânico Lewis Hamilton, sete vezes campeão mundial e um dos pilotos mais ativos do pelotão, deixou claro: «Nada vai me impedir de falar sobre as coisas que me apaixonam e dos problemas que existem, visto que o desporto tem uma responsabilidade, a de se expressar sempre sobre questões importantes para sensibilizar a opinião» pública.

Em declarações durante a apresentação do novo carro da Mercedes para a temporada 2023, na quarta-feira, Hamilton falou publicamente pela primeira vez sobre a medida, anunciada em dezembro pela FIA.

«Não me surpreende», afirmou o piloto, que frequentemente expressa as suas opiniões abertamente, principalmente com mensagens no seu vestuário ou no capacete. Em 2020, no pódio do Grande Prémio da Toscana, o piloto da Mercedes vestiu uma camiseta com a mensagem “Prendam os policiais que mataram Breonna Taylor”, uma mulher negra que morreu pelas mãos da polícia norte-americana no seu apartamento nos EUA.

Tal ato levou a FIA a rever as suas regras de protocolo durante as cerimónias após as corridas, embora ainda não se tenha especificado quais seriam as punições.

PRINCÍPIO DE NEUTRALIDADE

Outros pilotos do pelotão têm o mesmo discurso. «Estamos preocupados, sabemos que a política e as opiniões são temas sensíveis, mas precisamos de mais clareza da FIA sobre o que ela está a tentar dizer-nos», disse o tailandês Alexander Albon (Williams), que pediu um «diálogo aberto».

Em comunicado, a FIA explicou que a norma tem como objetivo preservar a «neutralidade política do desporto como princípio ético universal fundamental do movimento olímpico, consagrado pelo Código de Ética do Comité Olímpico Internacional».

«Muitas pessoas consideram-nos como porta-vozes dos problemas no mundo. É responsabilidade dos pilotos sensibilizar as pessoas neste tipo de situações», apontou Albon.

O atual bicampeão do mundo, o neerlandês Max Verstappen, considerou, por sua vez, que todos deveriam «estar autorizados» a se expressarem. «Alguns falarão mais do que outros, certo, mas me parece que esta medida é um pouco inútil», disse Verstappen à emissora “Sky Sports”.

«Não sei porque a FIA adotou esta medida. Tenho certeza de que a situação será esclarecida e espero que seja antes da primeira corrida (5 de março, no Bahrein). Não consigo imaginar que querem nos impedir de expressar as nossas opiniões. Faz parte da liberdade de expressão, temos o direito de compartilhar as nossas opiniões», lembrou o britânico George Russell, da Mercedes.

Até ao momento, a FIA não especificou quais seriam as eventuais punições para quem não cumprir a norma. Por sua vez, o presidente da Fórmula 1, Stefano Domenicali, afirmou no início de fevereiro que «nunca silenciará ninguém».

«Falamos de 20 pilotos, dez equipas e muitos patrocinadores que têm ideias diferentes, pontos de vista diferentes», contou Domenicali, numa entrevista ao jornal “The Guardian”.

«Não posso dizer quem tem razão e quem se engana, mas é justo, se for necessário, dar uma plataforma para falar sobre suas opiniões de maneira aberta», concluiu o dirigente.

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