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Gonçalo Henriques: um fenómeno nas 2RM

O piloto de Poiares é um caso raro em Portugal. Com apenas 26 anos de idade, e dois títulos consecutivos de Duas Rodas Motrizes, Gonçalo Henriques é apontado como a mais séria promessa dos ralis nacionais. Aos comandos de um Renault Clio Raly4, carro da marca do losango que partilhou com Inês Veiga, também campeão nacional de 2RM, o poiarense já faz contas a 2025.  

CARLOS SOUSA (carlos.sousa@autolook.pt)

Gonçalo Henriques é um jovem que sempre gostou do desporto automóvel e dos ralis em particular… Desde tenra idade, até porque faz parte da cultura dos ralis na sua região: Vila Nova de Poiares. Uma cultura muito grande, num território que se orgulha de ter sempre colossais referências nesta modalidade.

O pai, também um piloto de ralis nos primórdios do “Regional” Centro, fez, naturalmente, despertar o sonho do jovem piloto. Seguro dos seus ideais e um “profeta” da boa educação, Gonçalo Henriques não descartou a oportunidade de imitar o progenitor. Ou melhor, superá-lo.

Obviamente que os ralis exigem muita destreza e disciplina. Gonçalo Henriques tem a noção que as vitórias que alcançou não são fáceis de repetir, mas felizmente está numa equipa que se torna mais fácil atingir os melhores resultados: a Domingos Sport.

Na equipa, todos, sem exceção, fazem-no acreditar que pode ir mais além. Pelo menos conseguir igualar os resultados de 2023. Foi campeão nacional de Duas Rodas Motrizes (2RM) e, este ano, voltou a acelerou com precisão e objetividade, sagrando-se bicampeão, melhorando, enquanto piloto, ser cada vez mais consistente e completo.

Com apenas 26 anoa de idade, Gonçalo Henriques tem construído uma carreira sólida e sempre em crescendo. Para evolui e atingir os objetivos é necessário ser muito disciplinado no treino, no descanso e na alimentação. Depois, claro, é fundamental o apoio da família, dos amigos, dos parceiros, da genética e, obviamente, a sorte. No fundo, é um conjunto de fatores que determina os resultados finais.

Piloto e rececionista numa oficina familiar, a Maripneus – Sociedade Comercial e Industrial de Poiares Ld.ª, é admirado pelos colegas, amado pelo público, demasiado genuíno, afinal um jovem calmo, tranquilo e de muito bom trato, que tem nos automóveis de ralis o se “hobby” preferencial.

Gonçalo Henriques é um piloto exímio ao volante. Conheça o bicampeão de Portugal de Ralis de 2RM, numa entrevista onde o jovem poiarense revela algumas curiosidades sobre o início na modalidade, a rotina diária e os objetivos para o futuro. Mas há muito mais…

– Como começou a tua carreira nos ralis?

– A minha carreira nos ralis começou em 2017, como navegador do Toni (António Santos), na altura disputámos o Troféu Regional de Ralis do Centro (TRRC). Antes disso, já tinha feito umas brincadeiras com o meu pai, mas sem qualquer índole competitivo.

– És atualmente campeão nacional de 2RM. O Campeonato de Portugal da disciplina dificilmente podia ter corrido melhor! Vai ser possível defenderes o título em 2025?

– Penso que não será uma das nossas prioridades no próximo ano.

– Depois de teres terminado com o título o ano passado, estavas à espera de conseguires nova proeza nas 2RM no Campeonato de Portugal de Ralis tão depressa?

– Acredito sempre que consigo mais e melhor. Acreditei sempre que conseguia o segundo título e continuo a acreditar que o posso fazer novamente. Claro que os meus adversários são muito fortes e não é uma tarefa fácil, mas a equipa trabalha muito para concretizar os nossos objetivos e, por isso, foi possível revalidar o ceptro.

– Quais são os seus pontos fortes?

– Sou uma pessoa calma, isso ajuda-me imenso a gerir as emoções e esse é o meu maior ponto forte. Os outros pontos fortes ainda estão em evolução.

– Como é o teu plano de treino? Fazes ginásio? Quantas horas, por dia, passas a treinar?

– Houve uma altura em que treinava bastante o corpo, isto é, treinava todos os dias e cheguei a treinar em algumas ocasiões duas vezes por dia. Confesso que, ultimamente, tenho desleixado essa parte. Mas vou melhorar, prometo (risos).

– Ficaste em primeiro lugar no Campeonato de Portugal de Ralis de 2RM. No entanto, foi preciso suar as estopinhas para defender o título e, ainda por cima, contra Hugo Lopes, também um piloto de excelente quilate. Naturalmente que ficaste satisfeito com o resultado… Como te sentiste durante o Rali Vidreiro, a prova de todas as decisões?

– Emocionalmente, foi um dos ralis mais difíceis de gerir por ser a única final, até hoje, em que entrava com alguma vantagem para o segundo classificado, neste caso para o Hugo (Lopes). Mas consegui abstrair-me de pensamentos menos bons e acabámos por ganhar a prova.

– Já tens um currículo que começa a fazer inveja. O que esperas alcançar a curto prazo para ampliar os troféus na vitrine?

– Eu desejo ser campeão nacional absoluto, campeão europeu, campeão do mundo… Mas, para isso, é preciso montar projetos que me possam dar a hipótese de lutar por esses títulos.

– Alguma vez pensaste em ser profissional nesta modalidade?

– Claro que já pensei nisso mas, neste momento, não está ao meu alcance e, por isso, é só um sonho.

– Como classificas o trabalho da Inês Veiga, a tua navegadora?

– A Inês é uma pessoa muito dedicada e com uma grande vontade de evoluir. É uma pessoa que percebeu rapidamente o que eu precisava como piloto e foi, portanto, uma aposta vencedora. O ambiente agradável que vivemos dentro do carro é extremamente importante para que tudo corra bem.

– Este ano apenas existem três campeões nacionais: a título de piloto és tu e, de navegadores, a Inês Veiga e o Luís Ramalho. Qual a tua opinião sobre esta matéria?

– Na minha opinião, a situação criada na atribuição do título não faz qualquer sentido, pelo que considero Kris (Meeke) campeão. Sei que a Federação Portuguesa de Automobilismo e Karting (FPAK) não tem qualquer culpa desta situação, e fico contente pela estrutura federativa trabalhar para que esta questão fique resolvida, de forma a que não volte a acontecer no futuro, em nenhuma modalidade.

– Quais são os teus objetivos para 2025 e para os próximos anos?

– Após a conquista de mais um título nacional, o objetivo passa por arquitetar um projeto que me permita continuar a pilotar. Esse é o principal objetivo. Depois vou querer lutar pelas vitórias como sempre. Nunca fiquei satisfeito com um segundo lugar.

– A que se deve os sucessos amealhados num curto espaço de tempo?

– Devo agradecer, em primeiro lugar, à Domingos Sport por preparar um carro capaz de lutar pelos lugares da frente e por toda a dedicação que entregam a este “puto maluco”. Um agradecimento, também, à KHUMO e à ASR Tyres por acreditarem em mim para representar a marca e por todo o esforço e vontade de evoluir comigo. Por fim, agradecer a todos os parceiros que me têm ajudado ao longo da minha carreira.

– O facto de seres um piloto jovem justifica que tenhas uma legião de fãs e adeptos que acompanham a tua carreira? Como caraterizas essa interessante relação?

– Sou uma pessoa que gosta de dar atenção a toda a gente e, por isso, interajo com muitos adeptos e sinto-me bem poder estar com eles, porque eu também sou um adepto de ralis. Acho que posso dizer que a minha relação com os adeptos é muito boa.

– Outra força “motriz” para que possas progredir está no seio familiar…

– Sinto um grande apoio de toda a minha família. Vejo e sinto o orgulho que eles sentem das minhas conquistas e, isso, é também um motivo de regozijo e muita vontade para continuar a trabalhar para melhorar e conseguir mais e melhor.

– Vila Nova de Poiares é uma incubadora de pilotos e navegadores. A que se deve esse fenómeno?

– Há uma tradição muito grande em Vila Nova de Poiares. Desde que sou gente, lembro-me de falar sobre ralis. Não sei explicar o porquê desta paixão existir em Vila Nova de Poiares, mas acho que a justificação mais válida é que “quem come chanfana guia bem (risos).

– Ainda és um jovem, mas já com dois títulos importantes na tua curta carreira. Que incentivo darias a um jovem que pretenda enveredar pelos ralis

– Não desistir de sonhar. Acreditar sempre em si e nos seus sonhos. Qualquer jovem pode ser tudo aquilo que quiser. O principal conselho é que nunca desista dos sonhos. Se queremos muito, conseguimos! Ninguém diz que é fácil, pelo contrário, mas todos os esforços valem a pena quando atingimos os objetivos.

– Quais são os teus hobbies e interesses pessoais?

– O meu principal hobbie são os ralis, mas também gosto de andar de moto, gosto de música e de todas as coisas normais que as pessoas da minha idade gostam.

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