DAKAR

Reis e “Barbaças”: vizinhos em Coimbra mas rivais no Dakar

Pedro “Barbaças” e Marco Reis são de Coimbra e residem em Antanhol. Partiram de malas e bagagens para o Peru e andam de “candeias às avessas”, porque o primeiro representa a Yamalube Yamaha Rally e, o segundo, a Monster Energy Honda Team. A sede de vitória é enorme. A KTM que se cuide.

Texto: CARLOS SOUSA (carlos.sousa@autolook.pt)

Fotos: ANABELA SANTIAGO MARQUES (auto.look2010@gmail.com)

Marco Reis e Pedro “Barbaças” num braço-de-ferro pelo triunfo do Dakar

O braço-de-ferro entre duas pessoas que vivem próximas uma da outra, nada tem a ver com eventuais quezílias e, também, não promete paralisar ruas e pracetas, nem muito menos o Rali Dakar. Em Antanhol, no concelho de Coimbra, os vizinhos Pedro Almeida “Barbaças” e Marco Reis estão de costas voltadas, mas por tempo definido, embora estejam na “trincheira” de uma “guerra” de bastidores do Dakar, com o primeiro a defender as cores da Yamalube Yamaha Rally e, o segundo a Monster Energy Honda Team.

Além de residirem próximos um do outro, os ditos vizinhos têm em comum as duas rodas, uma paixão que se entranhou ainda em pequenos e, o facto de estarem envolvidos, a título oficial, em duas grandes equipas mundi­ais, é o reconhecimento das suas intrínsecas qualidades e competências.

Marco Reis e Pedro “Barbaças” em território peruano de “costas voltadas”

Pedro “Barbaças” desempenha o papel de manager técnico da equipa oficial Yamalube Yamaha Rally que, a partir desta segunda-feira, vai estar atento a todas as movimentações da última versão da WR450F Rally. Esta é a “arma” com que Adrien Van Beveren, Xavier de Soultrait, Franco Caimi e Rodney Faggotter vão usar para travar a progressão vencedora da austríaca KTM.

Por seu turno, Marco Reis é um dos técnicos operacionais que prepara a Honda CRF 450 Rally do piloto de Esposende, Paulo Gonçalves, bem como coadjuva nas motos de Joan Barreda, Kevin Benavides, Ricky Brabec e José Ignacio, também com o objectivo de colocar um ponto final em quase duas décadas de tri­unfos consecutivos da austríaca KTM.

«Este Dakar vai, com toda a certeza, ser muito duro, com as dunas e a areia a serem um “monte” de problemas, mas a equipa está preparada e apta a enfrentar os obstáculos. Esta é uma prova talhada para Adrien Van Beveren. O ano passado abandonou na sequência de uma queda bastante aparatosa quando liderava com uma boa vantagem, sendo, reconhecido, como um piloto implacável neste tipo de terreno», confidenciou Pedro “Barbaças”.

O manager técnico da marca oficial japonesa e a equipa técnica que lidera dotou as Yamaha WR450F Rally como se de um relógio suíço se tratasse para que o desempenho de Adrien Van Beveren, Xavier de Soultrait, Franco Caimi e Rodney Faggotter seja profícuo a partir desta segunda-feira, à partida do Dakar, em Lima.

Também Marco Reis, que acompanhou a par e passo o italiano Roby, como mecânico-chefe. Até ter o acidente, aponta «Paulo Gonçalves como um possível vencedor do Dakar, embora qualquer um esteja em posição para festejar no final da prova».

CONIMBRICENSES DESLUMBRAM NO ESTRANGEIRO

Conhecidos mundialmente por se tratar de duas figuras incontestáveis no reino da mecânica, em Coimbra, no entanto, passam praticamente despercebidos. Uma situação que, todavia, não perturba a função de cada um dos intervenientes na maior manifestação desportiva mundial de todo-o-terreno, embora reconhecidos pela Yamalube Yamaha Rally e Monster Energy Honda Team, onde esperam continuar a brilhar no icónico Rali Dakar.

«O significado de estarmos nesta actividade em equipas chamas de “fábrica”? É fixe. É uma paixão que me move e que representa que a aprendizagem não tem limites e que nunca cruzei os braços. No meu entender, é muito importante que, duas pessoas que cresceram com a mesma paixão e que tenham conseguido atingir este patamar, deve ser um motivo de júbilo para a comunidade da nossa Junta de Freguesia, como também do concelho de Coimbra», aferiu Pedro “Barbaças”.

Por seu turno, Marco Reis sublinha que «é com imenso orgulho ver reconhecido o valor dos pilotos portugueses, como também os mecânicos, o que traduz na perfeição que o trabalho desenvolvido não caiu e saco roto». «É um orgulho fazer parte integrante dessas estruturas. Embora não sejamos muito reconhecidos em Portugal, pelas mais diversas razões, entre elas o silêncio dos meios de comunicação», adiantou o conimbricense que tem a missão de trabalhar muito próximo de Paulo Gonçalves.

A presença no Peru de dois conimbricenses a residir em Antanhol deve ser encarado como motivo de orgulho para a cidade e freguesia. Apesar de estarem em pólos opostos no contexto das equipas e em que os dois querem vencer, tanto Pedro “Barbaças” como Marco Reis manifestaram que «se ajudam mutuamente caso algum venha a precisar e este­ja enrascado».

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