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Adamastor apresentou superdesportivo FURIA

A história da indústria automóvel portuguesa está cheia de bons exemplos do significado do empreendedorismo luso, da vontade de “dar novos Mundos ao Mundo”, da enorme capacidade de deitar mãos à obra e transformar ideias em realidade. A Adamastor tem muito de tudo isto. Muito de idealismo, muita paixão, mais, paralelamente, muito de saber fazer… O resultado foi apresentado hoje: o FURIA!

carlos.sousa@autolook.pt

Um supercarro é, na sua essência, um automóvel desportivo exclusivo de elevado desempenho, sendo composto por componentes específicos de superior qualidade, oferecendo mais potência e tecnologia de ponta a entusiastas e colecionadores de todo o mundo. É precisamente neste segmento, também ele “super” ao nível da exclusividade, que a Adamastor se quer posicionar.

O constante crescimento e desenvolvimento da sociedade e economia tem sido favorável à expansão do número de consumidores mais abastados, muitos deles clientes regulares da restrita categoria dos supercarros. É por isso expectável que a procura por supercarros continue a aumentar, favorecendo igualmente o crescimento do setor.

Um estudo recente sobre o mercado global de supercarros revela que este atingiu um valor de cerca de 16 mil milhões de euros em 2022. Espera-se que, até 2028, este valor atinja os 20 mil milhões.

Com base nesta previsão de crescimento, é igualmente previsível que a concorrência se torne, também ela, cada vez mais intensa, com todos os desafios técnicos e de capital a conduzirem a uma grande concentração de mercado, nunca esquecendo o longo processo de conceção e desenvolvimento de um supercarro até à sua produção.

No entanto, o rigor de construção, a experiência de condução e o design e a tecnologia de alto nível são igualmente responsáveis por colocar o segmento de mercado da Adamastor na vanguarda da evolução da perícia, I&D e conhecimento técnico nesta categoria de topo da emocionante indústria automóvel. É precisamente aí que a Adamastor se quer colocar, com a apresentação do Furia, na frente do pelotão.

UM POUCO DE HISTÓRIA

No Porto, já bem dentro do Século XXI e a atravessar mais uma das tantas crises que temos vivido, o objetivo era dar forma a um projeto que envolvesse empresas e universidades em torno de uma paixão: os automóveis.

Foi assim que tudo começou, corria o ano de 2010! Ricardo Quintas e Nuno Faria, sócios e fundadores da Adamastor, decidiram concretizar o desejo de aproximar estas duas realidades que, por motivos diversos, nem sempre têm uma relação tão próxima quanto deveriam ter, o mundo académico e o meio empresarial.

O automóvel foi, assim, assumido como o caminho para esse objetivo, o apaixonante elo em comum que permitiria unir dois âmbitos tão próximos e, ao mesmo tempo, muitas das vezes, igualmente distantes.

Para tal foi posto em prática o desenvolvimento de um projeto de um veículo de competição e, em colaboração com universidades nacionais de engenharia, gestão e marketing, motivar a construção do mesmo, potenciando as capacidades dos alunos envolvidos, num processo devidamente sustentado por um empresário que serviria como mentor do projeto.

Numa primeira fase, a Adamastor, representada pelos seus dois “pais” deslocou-se a Birmingham, a uma feira de automóveis, de forma a fazer um reconhecimento de potenciais modelos que pudessem ser interessantes de incluir no projeto, tais como uma réplica do Lotus Seven.

Todavia, ainda que, já em Portugal, o projeto não tenha tido a adesão esperada, a Adamastor viu nesse obstáculo no caminho uma verdadeira oportunidade: a de construir, pelas suas próprias mãos, automóveis.

Mas para isso, havia que ganhar experiência, colocar as mãos ao trabalho e atrair engenheiros para a família Adamastor. Assim, após algumas experiências iniciais com automóveis de produção comprados especificamente com o propósito de desenvolver as suas capacidades, entra na equipa Frederico Ribeiro com o intuito de se começar a trabalhar num automóvel completamente novo que pudesse, por exemplo, vir a servir de base a uma competição destinada a alunos das universidades.

A Adamastor quis, desta forma, lançar novamente a primeira pedra de uma colaboração entre as empresas e o meio académico e, assim, concretizar a sua visão inicial de aproximação entre ambos.

Estavam, também assim, definidos os pilares sobre os quais assentaria a Adamastor do futuro, tendo os trabalhos da pequena equipa recentemente formada começado na casa de um dos fundadores, com a construção das primeiras maquetes em esferovite. Mais tarde, ocuparam então o seu primeiro atelier de trabalho, numas pequenas instalações alugadas no Porto.

É nesta altura que nasce o primeiro chassis da Adamastor, o P001 – desenhado por Ricardo Ribeiro – estrutura que veio mais tarde a ser redesenhada, já com o contributo de Frederico Ribeiro, de forma a proporcionar um habitáculo mais espaçoso ao condutor e passageiro.

O chassis P001 evolui para o P002, estrutura que utilizava uma mecânica Volkswagen/Skoda comprada para esta fase inicial de desenvolvimento, e que permitiu à equipa, uma vez mais, validar as suas capacidades e desenvolver ainda mais os conhecimentos necessários para tornar o seu chassis cada vez melhor e mais evoluído. Deste trabalho efetuado e dos inerentes e muito valorizados erros de aprendizagem, nasce o terceiro chassis, o P003.

O nascimento deste novo chassis é, como se compreende, um dos momentos de viragem da história da Adamastor, em que a empresa sentiu inclusivamente a necessidade de ampliar o investimento em tecnologia que permitisse atingir o nível de execução e precisão desejado, evitando, cada vez mais, a dependência de fornecedores exteriores que pudesse atrasar o cumprimento dos prazos estabelecidos internamente.

O chassis P003 foi, assim, integralmente concebido pela Adamastor, com base em todo o know-how adquirido até ao momento, com as tolerâncias e precisão milimétrica exigidas pelo projeto. A terceira estrutura concebida pela Adamastor foi a única que veio a receber uma carroçaria, com um design que resulta de um conjunto de ideias da equipa e que visam reproduzir as linhas de vários modelos por si apreciados.

Foi escolhida uma mecânica Toyota para propulsionar o P003 e foi entregue a Alfredo Matos a responsabilidade de afinar o chassis Adamastor de forma a potenciar o seu desempenho dinâmico. No traçado do circuito de Braga, o P003 reduziu, desta forma, o tempo da sua melhor volta em cerca de 4 segundos, deixando a Adamastor numa posição confortável para se assumir como uma empresa com capacidade própria para a produção de um automóvel de elevada performance.

A rede de parceiros desenvolvida ao longo de todo o processo de crescimento da Adamastor é, igualmente, outra das suas mais-valias, atraindo para si a excelência e competência técnica de profissionais com vasta experiência no mundo da competição, inclusivamente da disciplina rainha, a Fórmula 1 e de estruturas de inquestionável reputação como a M-Sport.

Mais do que meros fornecedores de componentes e serviços, começava a reunir-se uma equipa que dá o contributo, a experiência e os conhecimentos que o projeto exige e que hoje acaba por constituir a espinha dorsal da empresa e que lhe permite encarar com todas as ferramentas os desafios futuros inerentes à sua enorme ambição de crescimento.

O objetivo a que a Adamastor se propôs foi alcançado, é verdade, mas todos o sabiam, essa ambição de crescer e a paixão partilhadas por todos os envolvidos não permitiam que ficassem por ali. Uma decisão tinha de ser tomada e a Adamastor viu-se num momento crucial do seu crescimento.

À sua frente, dois caminhos a seguir, nenhum deles fácil, mas um, assumidamente mais desafiante, exprime na perfeição a sua visão, os seus valores e, acima de tudo, a sua paixão pelos automóveis.

Em cima da mesa, uma primeira possibilidade, a de continuar a evoluir o P003 com o objetivo de entrar no mercado dos kit cars, dos veículos recreativos apontados aos track days, um nicho dominado pelas marcas britânicas, que se alimentam num mercado em permanente ebulição e que, naturalmente por isso, conseguem aniquilar a concorrência; ou, mais em linha com a ambição transversal a todos os envolvidos, assumir um maior desafio e passar à fase seguinte, dando o salto para o desenvolvimento de um novo automóvel que pudesse inclusivamente competir sob a regulamentação da categoria de automóveis GT.

A 19 de junho de 2019 dá-se, assim, uma viragem crucial na empresa. Reunidos os investidores e chamada a equipa técnica, na casa de Ricardo Quintas é tomada a decisão final de se avançar para a produção de um veículo de competição GT.

Neste que foi o dia D para a Adamastor, o projeto ganhava, e após aturada discussão, um novo rumo, uma nova vida e o sonho da empresa e dos seus criadores começava a ganhar forma. Nesta fase, e com o contributo de Alfredo Matos e Frederico Ribeiro, são elaborados estudos de engenharia, de posicionamento de negócio, bem como outros que visavam analisar os mercados de competição dos GT.

A equipa cresce e, obrigatoriamente, as instalações também, com a Adamastor a mudar-se para a zona de Perafita onde atualmente dispõe de uma área de trabalho de cerca de 2225 metros quadrados, com potencial de expansão para 5000 metros quadrados, espaço que lhe permite cumprir o seu plano de crescimento, sustentado pelo fortalecimento dos meios humanos e departamento técnico.

Depois da reformulação do projeto, iniciam-se os trabalhos de desenvolvimento do novo automóvel da “nova” Adamastor, um veículo construído em fibra de carbono, à volta do seu elevado e eficiente desempenho aerodinâmico.

Por um lado, dada a sua importância no âmbito da competição, por outro, evitando assim uma dependência tão grande da mecânica, simplificando a receita e a abordagem, mas mantendo, sempre, o foco na máxima performance e competitividade. A aerodinâmica ditou as leis e o ar ditou a forma e as linhas do design exterior do novo Adamastor.

O projeto arrancou, assim, com base numa mecânica de origem Ford e evoluiu de uma forma tão positiva, com resultados em software CFD tão animadores e motivadores, que a médio prazo a equipa viu-se obrigada a ponderar a reformulação do plano inicial e uma possível decisão de se elevar ainda mais a fasquia.

MEIOS HUMANOS E TÉCNICOS DE TOPO

Com uma equipa de trabalho que reúne catorze elementos com formação académica e profissional nas áreas da engenharia, produção e design – para além de uma rede internacional de parcerias que lhe proporciona o acesso às mais recentes tecnologias – a Adamastor está a impulsionar e materializar a sua visão de um moderno supercarro a partir da sua fábrica e centro de engenharia na zona de Perafita, no Porto.

A fábrica da Adamastor compreende atualmente uma área de trabalho de cerca de 2.225 metros quadrados, com um potencial de expansão até 5.000 metros quadrados que lhe permitirá, no futuro, colocar em prática, de uma forma faseada e sustentada, o seu plano de crescimento, quer ao nível técnico, quer dos meios humanos.

A Adamastor está plenamente focada no seu objetivo de se assumir como um construtor de supercarros de baixo volume de referência, assumindo, igualmente, o posicionamento e compromisso de se estabelecer como um centro de engenharia de excelência, através do qual proporcionará serviços de consultoria, projeto e conceção de tecnologia de vanguarda.

Entre as suas capacidades e competências, destacam-se as instalações de maquinagem CNC, a produção de peças em materiais compósitos, bem como a utilização da mais recente tecnologia de impressão 3D. Nos seus projetos de engenharia são ainda utilizados os mais evoluídos softwares de desenho, simulação e otimização mecânicos, bem como exploradas as enormes potencialidades de ferramentas como a realidade virtual.

Seguindo uma abordagem de produção artesanal, o conceito de fabrico da Adamastor assenta no princípio “assembly bay”, em que uma equipa técnica altamente especializada será integralmente responsável por todo o processo de conceção de cada veículo, fomentando, desde logo, uma maior ligação emocional entre a vertente humana e material que será, sempre, a inspiração pela qual se pauta a excelência do trabalho e qualidade de execução da Adamastor e da sua altamente qualificada equipa técnica.

EQUIPA PERMANENTE DA ADAMASTOR

  • Daniel Lopes, Técnico de Compósitos formado em Artes e com um grande gosto por trabalhos manuais, possui, igualmente, formação de Lay-Up pela Caetano Aeronautic, SA, tendo trabalhado, por exemplo, com fibra de carbono seca, fibra de vidro seca, kevlar e malha de cobre;
  • Diogo Matos, formado em Engenheira Mecânica pelo ISEP – Instituto de Engenharia Mecânica do Porto, desempenha atualmente funções de engenharia na Adamastor. Conta, igualmente, com experiência em robótica, na construção de chassis tubulares e de assistência a equipas de competição automóvel.
  • Frederico Ribeiro, Mestre em Engenharia Mecânica pela Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, Diretor de Engenharia da Adamastor desde a sua formação e o responsável pelo projeto, desenho e simulação de componentes estruturais. Conta com uma vasta experiência profissional no âmbito da competição automóvel, tendo colaborado com estruturas de renome como a Speedy Motorsport e a Veloso Motorsport como Engenheiro de Corrida;
  • Gerardo Menezes, Mestre em Engenharia Mecânica na Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, assume as funções de Gestor de Produção na Adamastor. Conta com 5 anos de formação de condução desportiva em karting, gestão de corrida e mecânica automóvel;
  • João Ginete, formado em Engenharia Aeronáutica pela Universidade de Bristol, é o Chefe de Aerodinâmica da Adamastor. A sua experiência profissional inclui funções na McLaren Racing, Red Bull Racing e Red Bull Advanced Technologies, tendo colaborado em projetos como o Aston Martin Valkyrie, bem como nos monolugares de Fórmula 1 que tanto sucesso têm granjeado ao longo dos últimos anos;
  • João Passos assume na Adamastor as funções de Coordenador de Produção e Equipa de Competição, contando com uma vasta experiência profissional no projeto e construção de viaturas de competição. Em conjunto com o falecido Alfredo Matos, fundou a DBE Chassis and Suspension Engineering, empresa com um vasto currículo na afinação de automóveis de competição, sejam veículos clássicos ou modelos contemporâneos.
  • Nuno Silva desempenha as funções de Técnico de Compósitos na Adamastor. Com mais de 15 anos de experiência em laminação de fibras e outros materiais compósitos, executa, atualmente, as tarefas de corte de núcleos e tratamento de placas de epoxy para laminação, bem como de fabricação de moldes e laminação de peças monolíticos.
  • Olívia Quintas, formada em Gestão de Empresas pelo Instituto Superior de Administração e Gestão, assume as funções de Gestora de Marketing na Adamastor.
  • Pedro Abreu, Mestre em Engenharia Mecânica na Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, assume as funções de Engenheiro de Produção na Adamastor. Com experiência em vários softwares de modelação CAD, CAM e FEA, conta, também, com conhecimentos teórico-práticos dos processos de fabrico de peças em materiais compósitos.
  • Ricardo Quintas, formado em Gestão e Administração pelo Instituto Superior de Administração e Gestão, é o Diretor Executivo (CEO) e um dos fundadores da Adamastor. Com uma vasta experiência em cargos de Direção e Gestão de várias empresas nas mais variadas áreas de negócio, Ricardo Quintas é uma das forças impulsionadoras da Adamastor.
  • Rodrigo Soares desempenha funções de Técnico de Compósitos e de Manutenção Automóvel na Adamastor.
  • Samuel Busovsky, formado em Industrial Design & Technology pela Brunel University London, é o Diretor de Design da Adamastor desde julho de 2019. Conta com uma vasta experiência com software de modelação CAD e é o responsável pelo design do interior do novo automóvel da Adamastor, incluindo todas as suas fases de conceção, desde o projeto e modelação à conformidade com a legislação aplicável.
  • Vítor Batista desempenha funções de Técnico de Compósitos na Adamastor. Conta com uma vasta formação e experiência enquanto laminador de materiais compósitos adquirida, principalmente, na Caetano Aeronautic, SA.
  • Victor Pinto assume as funções de Técnico de Compósitos na Adamastor. Com uma extensa experiência profissional nas mais diversas áreas da produção, como carpintaria, operador de corte e maquinagem CNC, laminador de vácuo e infusão de compósitos em fibra de carbono, é um dos membros mais recentes da equipa de laminadores da Adamastor.

Este é o capital humano que dá corpo à atividade da Adamastor. Uma estrutura multifacetada que opera na unidade de Perafita, a partir da qual, além do Superdesportivo agora apresentado, já fornece componentes para vários clientes, nomeadamente carroçarias e depósitos de combustível em fibra de carbono, hélices para produção de energia eólica, entre outros componentes e equipamentos.

Foi aproveitando todo o “know how” da equipa de colaboradores e a experiência entretanto acumulada nas mais variadas áreas de produção industrial que conduziu a Adamastor ao lançamento do primeiro Supercarro nascido em solo português.

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