“Os ralis só chegam ao fim no parque fechado”
Francisco Custódio é o mais recente vencedor da terceira edição do FPAK Júnior Team de Ralis. Uma proeza que apenas ficou decidida no Águeda Rali Travocar, quinta e última prova da época. O sonho, agora, é chegar ao Campeonato de Portugal de Ralis de 2RM. O futuro promete…
carlos.sousa@autolook.pt
É de Santa Comba Dão e dá-se pelo nome de Francisco Custódio, o vencedor da terceira edição do FPAK Júnior Team de Ralis (FJTR) 2024 que apenas ficou decidida na quinta e última prova da época, o Águeda Rali Travocar.
E foi por uma diferença de apenas dois pontos que o jovem beirão, navegado por Paulo Marques, bateu o amarantino Ricardo Rocha, primeiro classificado naquele rali, depois de feita a contabilidade da competição promovida pela Federação Portuguesa de Automobilismo e Karting (FPAK) para descobrir, apoiar e promover novos valores nos ralis.
Francisco Custódio não esquece, na hora da consagração, o incentivo do “staff” que o acompanha, creditando-lhe os louros desta vitória, já que nos momentos críticos nunca permitiu que renunciasse à luta pelos primeiros lugares.
E lembrou o incidente no Rali Vidreiro, acabando, graças ao estímulo recebido dos amigos, por transformar uma quase desistência no resultado que o catapultou para a liderança do FJTR antes da derradeira prova da época.
«Há um ano, estreei-me nos ralis e não fazia ideia que hoje iria estar agora a festejar. Surgiu a possibilidade de participar no FPAK Júnior Team e à partida do Rali de Castelo Branco, que foi a primeira prova da época, se me dissessem que eu iria ser o vencedor final, nunca acreditaria», começou por referir o piloto santacombadense.
«Este triunfo é resultado do trabalho conjunto entre mim, o copiloto e toda a restante equipa. Houve ralis que correram melhor do que outros, mas a junção e o acumular de situações levou-nos a estar aqui agora e… sermos os vencedores», acrescentou Francisco Custódio, de 23 anos, a viver um turbilhão de emoções no termo do Águeda Rali Travocar, logo que foi confirmada a sua vitória no FPAK Júnior Team de Ralis 2024.
Admirador assumido de Armindo Araújo, de quem ainda guarda na memória imagens dos ralis do piloto de Santo Tirso no WRC, não esconde ter vivido momentos de sentida emoção ao competir nas mesmas classificativas do seu ídolo no Campeonato Portugal de Ralis, como sucedeu esta época nos ralis de Castelo Branco, da Água e no Vidreiro: «Nunca imaginei que tal pudesse vir a acontecer», confessou.
Confrontado em revelar o segredo para lograr o triunfo no FJTR, Francisco Custódio nem pestanejou na resposta: «Creio que foi a nossa união (piloto, navegador e equipa) e, também, nunca ter desistido, porque surgiram momentos em que para mim o rali já estava acabado e houve gente que puxou por mim, incentivando-me a ir até ao fim».
«Por exemplo, no Rali Vidreiro, tive uma saída de estrada na segunda classificativa, logo na sexta-feira, e o meu navegador disse para não desistirmos e a verdade é que conseguimos concluir a prova em segundo lugar. Por mim, se calhar, nunca teria acabado, depois do contratempo surgido no primeiro dia», declarou.
Perante este cenário, essa terá sido uma das grandes lições da época, Francisco Custódio voltou a responder com prontidão: «Sim, é verdade, um rali só acaba no fim. O carro tem que chegar ao parque fechado e, portanto, as contas fazem-se apenas no final. Não vale a pena fazer muitos prognósticos. Foram cinco ralis com quatro vencedores diferentes, numa edição da FPAK Júnior Team muito competitiva. Estou bastante contente por chegar aqui como vencedor».
Depois do sucesso alcançado na prova do Clube Automóvel de Santo Tirso, no pretérito fim de semana em Águeda, o jovem piloto de Santa Comba Dão, que já meditou no passo seguinte, está de “alma e coração” a apreciar a conjuntura vitoriosa.
«Sinceramente, eu ainda nem acreditei bem que sou o vencedor de 2024. Agora, é desfrutar do momento e tentar perceber o que a FPAK apoiará para a época de 2025. Vamos trabalhar para um projeto que me faça crescer enquanto piloto e oxalá eu possa continuar muitos anos nesta modalidade que adoro», sublinhou.
Interrogado a pronunciar-se sobre o seu ponto forte na qualidade de piloto, Francisco Custódio denotou alguma dubiedade, mas também fez a mesma pergunta a si próprio: «O meu ponto forte como piloto? Com toda a franqueza, não sei responder a essa pergunta, porque, como já referi, a época foi feita de altos e baixos. Se calhar, o meu ponto forte é estar rodeado de pessoas que trabalham com o mesmo objetivo que eu e nunca me deixam baixar os braços. Foram elas, sem dúvida, que me trouxeram até aqui», argumentou.
Até onde pretende chegar enquanto piloto de ralis, o jovem de Santa Comba Dão afirmou que, «realisticamente, e repetindo aquilo que já afirmei este ano, o meu sonho era chegar ao Campeonato de Portugal de Ralis de 2RM e acho que vai ser possível concretizá-lo, visto que venci o FPAK Júnior Team».
«Depois, claro que um dia gostava de me sagrar campeão absoluto, isso seria o ponto alto, porque não tenho ambições a nível internacional. Não considero impossível fazer carreira lá fora, mas creio ser uma realidade longínqua neste momento. Portanto, o meu grande sonho é, um dia, poder lutar pelo título português absoluto de ralis», acrescentou.
Não menos verdade é que o jovem piloto está a colocar o nome de Santa Comba Dão no mapa dos ralis: «Pilotar com o nome de Santa Comba Dão no carro é um orgulho. É de lá que eu sou. Não se trata de uma terra com muita história no automobilismo, mas pode ser que essa situação mude a partir de agora. E é uma alegria levar Santa Comba Dão comigo para todo o lado», exclamou com muita ambição e destreza.