Fórmula E

“Entrar na FE foi a melhor decisão da minha vida”

António Félix da Costa realiza amanhã, sábado, em Hyderabad, na Índia, a corrida número 100 na Fórmula E. O piloto português disse, em entrevista, que o seu objetivo passa por demonstrar a velocidade e eficiência destes monolugares elétricos.

(auto.look2010@gmail.com)

Amanhã, sábado, no Hyderabad E-Prix, na Índia, António Félix da Costa realizará a corrida número 100 em Fórmula E. Em entrevista, o piloto português da Porsche fala sobre a estreia no campeonato em 2014, na Malásia, as vitórias mais memoráveis da carreira e o rápido desenvolvimento e futuro brilhante da primeira competição de monolugares elétricos do mundo.

O Campeonato do Mundo de Fórmula E avança este fim-de-semana para a 4.ª ronda da temporada 2023, com a Índia a receber pela primeira vez na história uma corrida, mais precisamente na cidade de Hyderabad, num circuito citadino situado nas margens do lago Hussain Sagar, junto aos jardins NTR.

– António, estás prestes a realizar a 100.ª corrida em Fórmula E. Lembras-te da tua primeira corrida?

– Claro que sim. Foi em novembro de 2014 em Putrajaya, na Malásia. Foi fascinante, mas muito duro. Especialmente porque estava muito calor no veículo e era fisicamente exigente. Conquistei pontos e tivemos um bom fim-de-semana, mas lembro-me de estar super cansado no final. Também participei no DTM nesse ano, pelo que houve alguns conflitos de calendário. Não fui capaz de participar na primeira corrida de Fórmula E em Pequim e, assim, a minha estreia foi na segunda corrida da história da Fórmula E.

– E a primeira vitória?

– Felizmente, não tive de esperar muito tempo. Ganhei em Buenos Aires em janeiro de 2015. Foi a quarta corrida da temporada 1.

– Qual foi a tua vitória favorita?

– Tenho boas recordações de todas as minhas conquistas. As duas vitórias em Berlim foram particularmente especiais porque disputámos seis corridas em nove dias, devido ao confinamento. Isto aconteceu em 2020, ano em que venci o campeonato com uma vantagem de 71 pontos.

– Numa ocasião mencionaste que, no início, não acreditavas realmente na Fórmula E. O que te convenceu do contrário?

– A Fórmula 1 era o meu sonho. Eu tinha um pé na porta de entrada como piloto de testes para a Red Bull Racing. A ideia de competir numa competição totalmente elétrica parecia uma espécie de loucura. Para ser honesto, eu não estava no melhor estado de espírito naquela altura. Mas rapidamente entrei na Fórmula E. Tornei-me cada vez mais consciente da missão e das possibilidades da Fórmula E num mundo em mudança. Para mim foi, e ainda é, um desafio emocionante demonstrar em pista que os veículos elétricos não são aborrecidos, mas sim rápidos e eficientes. Não demorei muito tempo a perceber que esta competição tinha um futuro brilhante.

– Até que ponto foi correta a tua análise?

– Acertei em cheio. É incrível ver até onde chegou a Fórmula E. Isto também se aplica às pistas, aos pilotos, às equipas e aos adeptos. Hoje posso dizer, honestamente, que entrar na Fórmula E foi a melhor decisão desportiva da minha vida. Ganhei corridas e um título. É muito bom ver como a aceitação da Fórmula E tem crescido temporada após temporada em todo o mundo. É fantástico ver até onde chegámos em apenas nove anos. Não estava à espera que a competição funcionasse tão bem e tão depressa. Estou muito satisfeito com a evolução.

– A Fórmula E traz a emoção do desporto motorizado às pessoas que vivem nas grandes cidades. Que outras mensagens pode transmitir?

– De forma óbvia o desporto motorizado está em primeiro plano. Mas penso que em países como a Índia ou África do Sul não nos devemos limitar a apenas entusiasmar as pessoas com corridas. A Fórmula E representa muito mais, como por exemplo, a sustentabilidade e valores sociais importantes como a inclusão e a diversidade. Devemos aproveitar a oportunidade para sensibilizar e reforçar a consciência das pessoas que vêm ver-nos.

– Qual é a tua opinião sobre a importância da Fórmula E no desporto automóvel a nível mundial?

– Muito tem acontecido em relação a este assunto nos últimos anos. O simples facto de a Fórmula E ser agora um campeonato mundial, e de um fabricante de automóveis de sucesso como a Porsche estar comprometido com este campeonato, demonstra a sua importância.

– Esta temporada juntaste-te à Porsche como piloto oficial. O que significa para ti?

– Sempre quis correr por esta marca e fazer parte da história da Porsche. Já fui derrotado pela Porsche várias vezes na minha carreira, e não apenas na Fórmula E, por isso sei que a Porsche faz tudo para ganhar. Está no ADN da marca. O grande início de temporada com três vitórias para o Porsche 99X Electric é a confirmação disso. Estou a trabalhar arduamente com os meus engenheiros para compreender que passos temos de dar para ter sucesso – de preferência na minha 100ª corrida. Encaixaria na perfeição.

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