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C. Santos desmistifica eletrificação nos comerciais ligeiros

A Sociedade Comercial C. Santos promoveu uma conversa digital sobre a eletrificação dos veículos comerciais ligeiros. Infraestruturas de carregamento (privadas e da rede pública) e formação dos condutores são essenciais no processo, de acordo com os participantes.

(auto.look2010@gmail.com)

Com transmissão em direto nas redes sociais do concessionário Mercedes-Benz e smart, esta nova SocTalks contou com responsáveis de organismos e empresas com necessidades quotidianas de viaturas comerciais ligeiras. A iniciativa foi moderada por Carlos Moura, jornalista da revista Turbo Comerciais e representante português no júri dos prémios International Van of the Year e do International Pick-Up Award.

Com o tema “Desafios da eletrificação no transporte urbano de passageiros e mercadorias”, a conversa contou com a participação de Adelina Rodrigues (chefe da Divisão de Energia e Mobilidade da Câmara Municipal da Maia), Pedro Correia (responsável de formação operacional da DPD Portugal), Tânia Monteiro (diretora de operações da Living Tours) e Aquiles Pinto (relações públicas da Sociedade Comercial C. Santos).

Adelina Rodrigues

LIDERAR CAMINHO

A Câmara Municipal da Maia tem como meta a descarbonização do território e, portanto, a frota de viaturas é uma das prioridades: «No ano que passou convertemos 60% da nossa frota para elétrica. Conseguimos poupanças grandes face à frota anterior e as autonomias são suficientes para o tipo de atividade que desenvolvemos, até porque acontece sobretudo dentro do concelho da Maia. Esta opção tem resultados muito positivos», explica Adelina Rodrigues.

A empresa de entrega de encomendas DPD tem em curso a integração de 55 unidades Mercedes-Benz eSprinter (com decoração diferente das viaturas a combustão ao serviço) na frota em operação em Portugal.

Tânia Monteiro

O processo arrancou em 2022 e a empresa já efetua entregas 100% elétricas em Lisboa (códigos postais entre 1000 e 1900) e tem eletrificação parcial em 12 cidades do país. Está, além disso, em curso o alargamento a outras cidades portuguesas.

«Já conseguimos resultados muito interessantes, mesmo com algumas limitações que existiram em termos de prazos de entrega das viaturas e d as obras que tivemos de fazer em termos de infraestruturas. Para nós foi fundamental liderar esse caminho e começamos a ter esse retorno, quer dos clientes, quer dos destinatários. É gratificante ver que a eletrificação e das baixas emissões no “last mile” paga dividendos. Isso para nós é indicador de que este é um trabalho com pertinência», indica Pedro Correia.

Pedro Correia

O operador turístico Living Tours tem como objetivo avançar com a eletrificação da frota. Já o fez na atividade de tuk-tuks e prepara-se para integrar duas viaturas elétricas de nove lugares para os tranfers entre aeroporto e hotéis.

«Não renovamos toda a nossa frota para os serviços mais longos, porque ainda existem algumas limitações em termos de carregamento, mas temos consciência que a poluição nos centros das cidades é um problema e temos de dar o nosso contributo rumo à sustentabilidade», afirma Tânia Monteiro.

 

A quota de elétricos nas Mercedes-Benz em Portugal em 2021 foi de 20% nos automóveis e inferior a 10% nos veículos comerciais ligeiros, uma tendência que a Sociedade Comercial C. Santos acompanhou.

«Os centros das cidades vão ter cada vez mais população e cada vez mais a qualidade do ar será importante. Do lado das marcas – nós somos um concessionário – cumpre ter oferta para dar a melhor resposta possível às necessidades do mercado. Isso está a resultar na eletrificação da gama disponível», refere Aquiles Pinto.

A mesma fonte considera que há margem para a procura de veículos comerciais ligeiros elétricos acelerar, até porque «a disponibilização da oferta de veículos comerciais foi um pouco mais lenta do que nas viaturas de passageiros» e os «incentivos fiscais à utilização» são menos neste segmento.

AUTONOMIAS SEM PROBLEMA APÓS ADAPTAÇÃO

A autonomia das viaturas não é um problema nestes operadores. Para isso foi, importante, porém criar as devidas infraestruturas de carregamento e prestar a devida informação aos utilizadores.

«Temos locais específicos para carregamento e não temos registo de termos viaturas sem bateria, até porque os próprios utilizadores têm o cuidado de colocarem os veículos a carregar sempre que a carga está abaixo dos 50%», explica a chefe da Divisão de Energia e Mobilidade da Câmara Municipal da Maia.

«Em seis meses, conseguimos colocar a nova frota em funcionamento e nunca nenhuma viatura ficou sem carga. E são 90 viaturas», refere Adelina Rodrigues, indicando que, sobre os utilizadores, «no início houve alguma resistência», mas que hoje a autarquia «não tem qualquer problema».

Também o responsável de formação operacional da DPD Portugal fala em dois desafios: infraestrutura e o ceticismo de alguns utilizadores. Sobre a infraestrutura, a empresa dotou as instalações de carregadores (embora sublinhe que, em termos gerais da eletrificação automóvel, «há um desafio na infraestrutura, seja a nível empresarial, seja a nível dos particulares»).

Sobre os utilizadores, Pedro Correia salienta a importância da formação: «Não podemos migrar um condutor de uma viatura com motor térmico para uma viatura elétrica sem lhe dar a devida formação. Isto porque grande parte da rentabilização desta tecnologia está no facto da maioria destas viaturas ter regeneração, o que permite que as viaturas carreguem em operação. É preciso ensinar a conduzir viaturas elétricas e temos resultados interessantes, de viaturas que chegam com autonomias superiores a 40% ao final do dia de trabalho, porque o condutor percebe a missão».

CARREGAMENTO PÚBLICO AINDA É OBSTÁCULO

Quando a utilização de viaturas elétricas obriga ao carregamento em postos públicos a visão pode ser outra. Uma parte importante da atividade da Living Tours são os programas de visitas com uma distância e tempo um pouco maiores do que os transfers. Isso é um obstáculo aos objetivos de eletrificação da frota da empresa, segundo Tânia Monteiro.

«O nosso destino mais procurado é o Douro e no Douro movemo-nos em meios mais rurais, onde não há possibilidade de carregamento de veículos. Felizmente, já há muitas quintas no Douro que têm wallboxes de carregamento, mas estamos a falar de uma ou duas em cada quinta, o que não dá garantias de que consigamos carregar a viatura nos cerca de 30 minutos em que o nosso grupo está no espaço. Também em circuitos como Santiago de Compostela, Fátima ou Coimbra, não é fácil conseguir ter hipótese de carregamento», sublinha a diretora de operações da Living Tours.

REDUÇÃO DE CUSTOS ENERGÉTICOS

Apesar do preço das viaturas elétricas ainda ser superior ao de modelos a combustão equivalentes, todos os operadores indicam que há potencial de corte de custos energéticos.

«Com a totalidade da frota antiga, tínhamos um custo anual de 300 mil euros em combustíveis rodoviários. Com a transformação, reduzimos o consumo de gasóleo em cerca de 50% e o de gasolina em mais de 60%. Além disso, a maioria das nossas viaturas é carregada em média tensão. Ou seja, em termos de custos conseguimos uma elevada poupança com a eletrificação da frota», informa a chefe da Divisão de Energia e Mobilidade da Câmara Municipal da Maia.

A DPD Portugal também acredita na redução de custos, muito mais se a fonte energética for própria: «Faz sentido o aproveitamento de energias renováveis nas nossas instalações, onde estamos a colocar painéis solares e outras tecnologias semelhantes».

«Será um ponto muito interessante das novas instalações que estamos a construir em Loures, que serão a nossa nova sede em Portugal e onde funcionará o depot de Lisboa. Se conseguirmos gerar a nossa própria energia, maximizamos a poupança», afirma o responsável de formação operacional do grupo de entrega de encomendas no nosso país.

SOC. COM. C. SANTOS NA VANGUARDA

Fundada em 1946, a Sociedade Comercial C. Santos tem instalações no Porto, Maia (Aeroporto) e Felgueiras. Um dos maiores concessionários Mercedes-Benz, smart e AMG em Portugal, a empresa comercializa viaturas e peças e presta serviço pós-venda a veículos ligeiros de passageiros, ligeiros de mercadorias e pesados de passageiros e de mercadorias.

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