RALIS

Carlos Fernandes imperial na categoria Mítica

O Bussaco é deslumbrante o ano inteiro. Que o diga o piloto de Sintra que, ao volante de um Mitsubishi Carisma GT e com Valter Cardoso a seu lado, sentiu o pulsar da viatura dos três diamantes e a essência natural de uma beleza ímpar da Serra para vencer a categoria “Mítica” de fio a pavio no “Luso-Bussaco”.

Texto: CARLOS SOUSA (carlos.sousa@autolook.pt) – Fotos: JOSÉ MOURA

Carlos Fernandes e Valter Cardoso (Mitsubishi Carisma GT)

Diz a lenda que, num ápice, o frio parou e o sol quente apareceu. Essa lenda, contudo, não fez qualquer sentido durante o Rally Legends Luso-Bussaco, em que a mudança do estado do tempo não se fez notar. Pelo contrário, a chuva, o frio e o nevoeiro não deram tréguas. Valeu a dinâmica e o entusiasmo contagiante dos pilotos que orquestraram a prova desenhada pelo Clube LusoClássicos e fizeram mover o calor da paixão humana pelos ralis.

Talvez tenha sido essa a recompensa para os milhares de pessoas que não quiseram perder pitada das incidências no asfalto dos concelhos da Mealhada, Mortágua e Penacova, com o centro nevrálgico no Luso e Bussaco.

Tudo foi ajustado para que os valores da modalidade não se desviassem, afinal de contas o incentivo que fez “prender” o público, até porque na estrada moviam-se pilotos e máquinas destinados a fazer furor.

Rui Madeira e Paula Madeira (Mitsubishi Lancer Evo III)

As equipas inscritas na categoria Míticos estavam dispostas a brilhar e oferecer um espetáculo exclusivo para os amantes dos desportos motorizados e dos ralis em particular. O desafio estava lançado e os pilotos convidados a “combater” a desertificação e a levar gente para as estradas da Serra do Bussaco e circundantes.

Carlos Fernandes, piloto de Sinta que trocou por quatro dias a “sua” serra pela do Bussaco, mostrou ao que veio. Habituado à oxigenoterapia, tratamento que fornece oxigénio extra aos pulmões quando o nível de oxigênio no sangue está muito baixo, não descolou o pé direito do acelerador do Mitsubishi Carisma GT e foi acumulando segundos atrás uns dos outros ao longo das sete especiais que integravam o Rally Legends Luso-Bussaco.

A concorrência era destemida. O seu temperamento audacioso não permitia qualquer veleidade. Ao seu lado, “viajava” um experiente navegador colecionador de títulos, desde ralis ao todo-o-terreno. Carlos Fernandes não fez a “coisa” por menos e venceu todas as especiais para triunfar sem apelo nem agravo, com o tempo total de 42m29,7s.

Nuno Mateus e Francisca Mateus (Mitsubishi Lancer Evo VI)

Rui Madeira dispensa apresentações. Mas é importante transmitir aos mais jovens que foi o primeiro piloto português de ralis a conquistar a Taça do Mundo de Ralis da FIA, quando venceu o Grupo N da classe WRC em 1995.

No “Luso-Bussaco” também esteve como “peixe na água” com a viatura que fez mossa no mundo inteiro, mas hoje algo desatualizado para as exigências que lhe é recomendado. No entanto, o piloto de Almada, com fortes ligações familiares a Oliveira do Hospital, não desarmou e teve uma prestação notável. Recorrendo à sua esposa Paula Madeira para sua navegadora, uma fervorosa adepta dos ralis, Rui Madeira registou sempre a segunda posição nas especiais e, no final da prova do Clube LusoClássicos, subiu ao degrau intermédio do pódio, a 1m09,5s dos vencedores.

Impressionante foi a forma carinhosa como o público reagiu à passagem do Mitsubishi Lancer Evo III, quer em competição como nas ligações. Rui Madeira continua a ser um piloto que reúne consensos e uma personalidade muito estimada e respeitada.

Fábio Reis e José Cruz (BMW 325 I)

Quem também nunca deixou de dar espetáculo, com o intuito de alcançar Carlos Fernandes e Rui Madeira foi Nuno Mateus. O piloto de Vagos, navegado por Francisca Mateus, procurou intrometer-se na discussão pelos dois lugares da frente, mas pela frente encontrou uma “muralha” de contornos difíceis para trepar com o seu Mitsubishi Lancer Evo VI.

Porém, para quem andou sempre a lutar por posições de pódio, Nuno Mateus teve de confrontar a dureza de algumas especiais, devido à chuva que, por várias vezes, caiu incessantemente, para manter ritmos alucinantes. Apenas cedeu na segunda passagem pelo troço de Penacova-Bussaco, perdendo 35,9 segundos, com reflexos no final do rali, cotando-se o terceiro mais rápido a 2m42,1s de distância para o topo da classificação.

Fábio Cruz e Gonçalo Cruz (BMW E30)

Não menos interessante foi a luta poderosa entre Fábio Reis/José Cruz (BMW 325 I ) e Fábio Cruz/Gonçalo Cruz (BMW E30). Os dois Fábio foram construindo um ambiente bastante entusiasmante à volta dos tempos que iam praticando, como se tratasse de um “ioiô”, era ficava um à frente para, logo a seguir, inverterem as posições.

O “jogo” do “rato e do gato” durou até ao final da sétima especial, acabando Reis por ficar na frente de Cruz, por escassos 3,5 segundos, o que diz bem do “combate” que ambos protagonizaram e que “prenderam” a atenção do público. Fábio Reis e Fábio Cruz terminaram a odisseia do “Luso-Bussaco” na quarta e quinta posição, a 3m26,7s e a 3m30,2s da liderança, respetivamente.

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