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Pedro Silva: “Queremos terminar o ano no top 5”

No ano em que fez a transição para os carros da mais recente geração Rally4, passando a tripular um Peugeot 208 preparado pela Domingos Sport, Pedro Silva logrou alcançar o seu primeiro Top 2 numa prova do Campeonato de Portugal de Ralis Duas Rodas Motrizes (CPR2RM).

carlos.sousa@autolook.pt

Fê-lo em “casa”, no Rali de Castelo Branco e Vila Velha de Rodão, tendo como sempre a seu lado Roberto Santos, culminando assim uma intensa primeira parte da época, que está a correr de feição à dupla que defende as cores da Beira Baixa.

Fomos ao encontro do atual 6.º classificado na tabela pontual do CPR2RM, para fazer um balanço desta época, aproveitando o facto de estar confirmada a sua ausência no Rali Vinho Madeira, regressando à atividade apenas em Setembro, com o Rali da Água -Transibérico Eurocidade Chaves-Verín.

AUTOLOOK – Pedro, que balanço podemos fazer do que já decorreu da época?

PEDRO SILVA – O balanço é super positivo, pois, para além de termos conseguido terminar todas as provas até ao momento incluindo, conseguimos a presença no pódio na prova, resultado fantástico num ano em que a concorrência é muito forte. Destaco ainda as vitórias nas Super Especiais realizadas nos ralis Terras D’Aboboreira, Casinos do Algarve e Castelo Branco e Vila Velha de Rodão, bem como o facto de estarmos a conseguir rodar normalmente entre os melhores. Por outro lado, temos cumprido com enorme sucesso outro dos nossos grandes objetivos e que passa por divulgar ao máximo os nossos parceiros e a nossa região. Tem sido incrível o trabalho promocional e o impacto está a superar as nossas expectativas.

AUTOLOOK -O que significou o 2.º lugar em Castelo Branco e Vila Velha de Ródão?

PEDRO SILVA – Foi uma sensação única. É o ponto alto da minha carreira e um momento que nunca mais vou esquecer. Tanta competitividade, tanto público, ter os nossos perto de nós e ter o carinho tão grande do nosso público foi incrível. Espero brindá-los um dia com uma vitória e que seja já no próximo ano.

 

AUTOLOOK – Algum ponto menos positivo a destacar?

PEDRO SILVA – O ponto menos bom no nosso projeto é o orçamento muito curto para poder estar nas 8 provas, sendo que já deixámos o Rali de Portugal de fora e agora vamos estar ausente do Rali Vinho da Madeira. A nossa capacidade, quando comparada com a dos nossos adversários, é muito pequena e isso ainda faz realçar mais aquilo que temos conseguido. Desportivamente e em relação ao que já se realizou, temos a lamentar a pontuação de Fafe ter contado apenas 50% e o furo na Power Stage da Aboboreira que nos retirou mais um Top 5.

AUTOLOOK – Ser uma equipa que representa uma zona do interior do país e correr com um orçamento tão curto limita imenso as vossas ambições…

PEDRO SILVA – É quase impossível lutar pelo título sem um orçamento maior, notamos essa desvantagem para alguns dos nossos adversários em coisas óbvias. Não fazemos as 8 provas do campeonato, não testamos os quilómetros necessários, não usamos o limite de pneus por prova, não temos um engenheiro que nos possa ajudar ainda mais a aproveitar o Rally4. São pequenos exemplos que fazem toda a diferença, estamos no interior sim, mas vamos lutar para mostrar aos nossos parceiros que a aposta em nós é a correta e que juntos podemos dar muitas alegrias à nossa Beira Baixa. É com grande alegria e muito orgulho que somos embaixadores da Beira Baixa no campeonato. Tentamos ao máximo divulgar a Beira Baixa durante toda a época e temos de agradecer o suporte logístico que a CIMBB nos dá. São pessoas apaixonadas pela região e que lutam muito para que tudo corra bem no nosso projeto, espero que a nossa parceria dure muitos anos”.

AUTOLOOK – Quem segue de perto o campeonato reconhece-vos uma enorme capacidade para produzir resultados. Num campeonato tão aberto e competitivo, com vários pilotos a discutirem a vitória e ainda mais a lutarem pelos lugares cimeiros, cabeça fria e capacidade estratégica tornam-se ainda mais vitais?

PEDRO SILVA – Sem dúvida que é um campeonato em que tem de se ter muita cabeça e mesmo com cabeça corremos vários riscos, porque para andar nos 8 primeiros temos de puxar muito por nós e rodar num ritmo altíssimo. Então, quando falamos de discutir Top 5 e pódios, é de loucos o ritmo que temos de meter para lutar por essas posições, mas no meio disto temos de perceber quando atacar e quando devemos manter. Os ralis são duros e muito longos e só no fim se fazem as contas. Temos pena de não poder estar presentes nas oito provas porque dessa forma podíamos ter mais margem de erro, que neste momento é de zero.

AUTOLOOK – Como tem sido a transição do R2 para o Rally4?

PEDRO SILVA – O R2 é um carro atmosférico e não se pode hesitar para não perder tempo porque o motor tem pouca potência. Então, tinha de o levar sempre no limite e em rotações altas. É um carro fantástico que transmite sensações únicas e uma grande escola. Já o Rally4 que não tem nada a ver com o R2, pois requer muitos quilómetros de treino e é um carro para pilotos já com alguma experiência, um carro que para ser aproveitado tem de se entender os regimes de motor visto que é um turbo e principalmente perceber qual o limite do carro, porque não transmite a rapidez que realmente tem. O carro é muito, muito rápido e pode tornar-se perigoso se não formos conscientes. No geral é um carro incrível e os tempos demonstram isso mesmo.

AUTOLOOK – E integrar uma estrutura como a da Domingos Sport?

PEDRO SILVA – Da Domingos Sport, só posso dizer bem. O Ricardo, o Paulo, a Nídia, os filhos e toda a estrutura que faz a equipa trabalhar são muito dedicados, profissionais e apaixonados pelas corridas. No meio de tantos clientes conseguem dar especial atenção a todos e conseguem fazer-nos sentir parte da família. O 208 Rally 4 tem estado em ótimas condições e têm-nos colocado afinações muito boas para todos os ralis e, neste aspeto, devo também agradecer ao Adruzilo Lopes por toda a ajuda que nos tem dado.

AUTOLOOK – Pela frente, ainda duas provas. Estás em 6º do campeonato, muito próximo dos pilotos logo á frente. Como vais encarar esse duplo desafio decisivo na temporada?

PEDRO SILVA – Para já, ainda temos de confirmar a presença no Rali Vidreiro visto que a Madeira está fora de hipótese e o Rali da Água está já garantido. A prova do CAMI Motorsport vai também a Verin (Espanha) e vai ser novo para todos, vamos lutar imenso para andar na luta pelo pódio e acumular mais experiência com o Rally4 no asfalto. Acreditando que também estaremos no Vidreiro, tudo faremos para pontuar forte e terminar o campeonato dentro do Top 5.

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