FÓRMULA 1

Bandeira preta exibida a Hülkenberg no Brasil

Há 17 anos que não era atribuída uma bandeira preta na Fórmula 1. Nico Hülkenberg, piloto da Haas, foi desclassificado durante o Grande Prémio de São Paulo depois de ter recebido assistência por parte dos comissários e ter continuado em pista.

carlos.sousa@autolook.pt

Nico Hülkenberg

Nico Hülkenberg recebeu uma bandeira preta no passado fim de semana, em Interlagos, após ter recebido ajuda dos comissários quando se despistou. O piloto da Haas voltou de imediato à pista para retomar a sua prova, o que não é permitido segundo o regulamento.

De seguida, foi punido pela FIA com a atribuição de uma bandeira preta, ou seja desclassificação, com base na proibição da ajuda externa aos pilotos. Esta situação está descrita no artigo 53.2 do código desportivo da Fórmula 1.

“Exceto pelas circunstâncias descritas no Artigo 26.7d) ou Artigo 57.3, qualquer piloto cujo carro pare em qualquer área que não seja o Pit Lane durante uma sessão de Sprint ou corrida e receba assistência física resultando no regresso do carro poderá ser desclassificado daquela sessão de Sprint ou corrida”.

Desde 2007 que esta bandeira não era atribuída durante a corrida, já que as outras desclassificações atribuídas se deveram a motivos técnicos fora das pistas. A última vez que aconteceu foi há 17 anos, no Grande Prémio do Canadá, em que Felipe Massa da Ferrari e Giancarlo Fisichella da Renault sofreram a mesma penalização depois de saírem das boxes enquanto o Pit Lane estava encerrado.

Esta é uma das penalizações com menor utilização por parte da direção de corrida e só acontece em casos extremos, como foi o caso de Nico Hülkenberg no Brasil. O piloto da Haas iria beneficiar de uma vantagem depois de ter recebido ajuda externa para se manter em competição, depois de ter saído de pista no S do Senna.

Recorde-se que Max Verstappen conquistou o primeiro lugar no Grande Prémio do Brasil depois de ter partido da 17.ª posição. Contra tudo o que era expectável, após Lando Norris assegurar a “pole”, o piloto neerlandês garantiu mais um triunfo importante na luta pelo campeonato.

Esta não foi só a 62.ª vitória de Max Verstappen na Fórmula 1, foi possivelmente a sua melhor vitória até ao momento. Para além disso, já ninguém lhe tira o mérito de ter sido o protagonista de uma das maiores reviravoltas da história da modalidade, sobretudo para pilotos que lutam pelo título mundial.

São apenas cinco os exemplos que se assemelham ao que aconteceu em Interlagos no passado fim de semana. Em 1954, Bill Vukovich recuperou do 19.º lugar até à vitória, só que não realizou mais nenhuma corrida como era comum naquele tempo.

Na década de 80, John Watson fez duas grandes provas, uma a partir da 17.ª posição e outra na 22.ª, mas não disputava os primeiros lugares do campeonato de pilotos. Barrichello, em 2000, conseguiu uma ascenção desde o 18.º lugar até ao topo naquele que foi o seu primeiro ano na Ferrari enquanto colega de Schumacher. Mais recentemente (2005), Kimi Raikkonen encontrava-se no 17.º posto quando venceu no Japão já depois de Fernando Alonso ter sido campeão.

Todavia, o que une estes pilotos e os distancia de Max Verstappen é o facto de não terem em cima dos ombros a pressão de serem campeões com um adversário à espreita para ‘roubar’ o primeiro lugar.

O piloto neerlandês tinha a vitória quase como uma obrigação, até porque já não o fazia desde o Grande Prémio de Espanha, em junho. Era uma tarefa difícil, até porque não conta com o melhor carro da grelha, mas a sua qualidade enquanto piloto acabou por fazer o resto.

O que fez o piloto é algo raro de replicar, e só ocorreu em 0,005% das vezes, ou seja, em seis dos 1122 Grandes Prémios. Foi ultrapassando cada carro que surgia à sua frente de uma forma subtil, mas frenética. Logo após os semáforos ficarem verdes, passou diretamente para o 10.º lugar e na volta 6 já era oitavo.

A partir daí, foi só continuar o trabalho que já tinha iniciado. Com a crença de que iria surgir uma bandeira vermelha que lhe possibilitaria uma troca ‘gratuita’ de pneus, Max Verstappen manteve-se em pista e deixou que os seus adversários fossem às boxes.

E estava certo, a meio da prova, Franco Colapinto bateu e a bandeira vermelha foi levantada. A Red Bull ficou em êxtase e acabou por ser o cenário perfeito para o neerlandês não deixar escapar o triunfo.

Max Verstappen conseguiu vencer, quebrou o “jejum” e somou 25 pontos importantes na luta pelo campeonato de pilotos. A três provas do final da temporada, lidera com 393 pontos, seguido de Lando Norris que conta com 331 pontos.

 

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