OPINIÃO

Selva no asfalto…

Carlos Sousa
Carlos Sousa

O site autolook.pt faz hoje cinco anos. É um dia mágico para Autolook, uma marca que nasceu para ajudar a conduzir o automobilismo, o motociclismo e o comércio e indústria a um patamar superior. Têm sido cinco anos de uma constante evolução, mas também uma boa maneira de mostrar o agradecimento pelo trabalho de todos aqueles que connosco colaboram.

O capital humano é, sem dúvida, um fator muito importante para o sucesso de qualquer negócio. Afinal, sem a ajuda dos colaboradores seria impossível colocar o autolook.pt a andar sobre rodas, independentemente das barreiras que se levantam. Estamos conscientes da nossa abnegação, sendo cada vez mais evidente reconhecer e agradecer o trabalho realizado e a dedicação por todos. Além disso, é preciso colocar essas ideias em prática diariamente. Obrigado a todos os que estão do lado de cá da barricada…

Enquanto, isso, continua-se a discutir sobre a mobilidade elétrica e de como o processo está mais avançado nos automóveis em relação com as motos, no sentido de “purificar” o ar, bem como reduzir a velocidade, cuja ideia é que se passe a circular mais devagar, numa descida de 10 quilómetros por hora das velocidades máximas, há cada vez mais trotinetes e bicicletas nas cidades e periferia sem regras e longe de garantir a ordem e a segurança.

Os automobilistas e motociclistas são obrigados a frequentar as escolas de condução para adquirir a carta de condução. É uma regra sagrada, uma vez que para conduzir um veículo na via pública é preciso estar legalmente habilitado, ou seja, ter carta de condução.

Nos automóveis, por exemplo, pode-se tirar a carta de condução a partir dos 18 anos. A carta de condução pode ser de diferentes categorias, consoante o veículo que se queira conduzir. Em regra, qualquer pessoa com mais de 18 anos, que não tenha impedimentos físicos ou mentais, pode tirar a carta. Nas motos o procedimento é praticamente igual.

Regras são regras. Em ambos os casos, ainda andamos a discutir temas que nos automóveis estão mais que debatidos e enterrados, com metas bem definidas entre as várias etapas na corrida às emissões zero. Também não deixa de ser verdade que, nas motos, o processo de eletrificação parece estar a decorrer a um ritmo mais lento.

Estes são processos que têm avançado, por vezes em ponto morto, mas os objetivos são comuns, que passam pela corrida às emissões zero, independentemente de eventuais resistências. Não é fácil de chegar ao fim da produção e venda de automóveis e motos equipados com motor a combustão.

Com automóveis e motos a combustão ou elétricas, as regras são para se cumprir no asfalto. No entanto, as nossas estradas são cada vez uma selva com o aparecimento abrupto das trotinetes, em que qualquer pessoa pode circular a seu bel prazer, até porque não é necessário ter carta de condução, mas é preciso ter conhecimento das regras de circulação. Mas muito poucos as conhecem.

Os circuitos urbanos e periféricos são uma verdadeira selva. Infelizmente, a lei também não impõe uma idade mínima para a condução destes velocípedes, no entanto, as plataformas de mobilidade, responsáveis pelo seu aluguer, podem limitar o seu uso a maiores de 18 anos.

O que também não faz muito sentido é que não seja obrigatório o uso de capacete, tal e qual como não se aplica aos outros velocípedes com motor, nomeadamente as bicicletas elétricas. Mas, com o inerente risco de queda, a segurança pode e deve ser reforçada com a proteção da cabeça e, para os menos afoitos, talvez mesmo, joalheiras e cotoveleiras para os braços e pernas.

Por incrível que pareça, a esmagadora maioria dos frequentadores de trotinetes não confirmam se o acelerador e os travões estão em boas condições e se tem bateria suficiente para a viagem. Importante para os frequentadores é que trotinete inicie a marcha e, em muitos casos, até circulam em sentido contrário, com auscultadores nas orelhas alheios ao que se passa em seu redor.

Se todos estes procedimentos são revoltantes, imaginemos, então, as inúmeras vezes que numa trotinete circulam duas pessoas, quando esse cenário é proibitivo. Como toda a gente sabe, os velocípedes só podem transportar o respetivo condutor e nada mais, para além de utilizarem os passeios para circular.

A selva não é só no asfalto, também o é nos passeios. E cada vez mais. As trotinetes elétricas devem seguir pelas ciclovias ou pistas mistas, nas vias de trânsito, pela direita sem interferir no trânsito. Quando não existe ciclovia, deve circular com a trotinete na estrada, sempre encostado à direita. Não há pachorra para tanta ignorância.

De referir que os passeios estão reservados a peões e condutores de velocípedes até aos 10 anos, e a trotinetes sem motor. As restantes pessoas que tiverem de atravessar um passeio devem levar o velocípede elétrico pela mão. Isso nunca acontece.

Em caso de acidente, existem medidas a ter e linha de conta. Em primeiro lugar, é importante, no local do acidente, recolher as informações de todos os envolvidos, veículos, condutores, peões. Caso a responsabilidade seja do condutor de um veículo, o acidente pode ser participado à seguradora desse condutor. Se não tiver seguro e a responsabilidade de um acidente for do próprio, terá de pagar todas as despesas de reparação de veículos ou os tratamentos médicos a condutores e peões envolvidos.

Uma vez que as trotinetes com motor se equiparam a velocípedes, não é obrigatório ter seguro. Contudo, é recomendável que contrate um seguro de responsabilidade civil que abranja danos a terceiros.

A PSP tem registado centenas de sinistros nos últimos anos, a maioria causados por algum tipo de negligência, em que o excesso de velocidade – sem superar o limite de 25 km/h – contribui para causar e/ou agravar o acidente. De acordo com a Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária, os acidentes com trotinetes registados pela GNR e PSP aumentaram drasticamente.

O futuro passa por construir locais mais eficientes, adaptáveis e com um grande componente sustentável. Vamos acreditar que isto seja um ponto positivo. Quanto mais pessoas existirem, maior a produtividade, maior a probabilidade de vingarem e capazes de contribuírem para os desafios apresentados pelo aumento populacional frente ao aparente limite de recursos.

Mas a selva no asfalto não se resume a trotinetes ou bicicletas. Outro fator que merece uma enorme reflexão tem a ver com as marcações de pavimento ou da estrada. As marcações servem para regular o trânsito e avisar ou orientar os utentes da estrada, e podem ser utilizadas exclusivamente ou com outras formas de sinalização, para reforçar ou especificar as suas indicações.

Linhas brancas que delimitam faixas, linhas divisórias, contínuas, amarelas, etc. Por ordem de importância, estas marcações são as últimas depois de guardas, faróis, semáforos e sinalização vertical.

Mas, não são menos importantes já que ajudam a indicar as faixas e delimitar os dois sentidos do tráfego, aproveitar toda a estrada, gerir o tráfego e complementar outros sinais, e a estabelecer áreas da estrada reservadas ao trânsito ou livres de veículos.

São cada vez mais as estradas que, de Norte a Sul do país, não têm um sinal de linhas que ajudem a orientar os seus utilizadores. É uma vergonha estar constantemente a colocar radares de velocidade que permitem controlar a velocidade dos veículos num determinado trajeto, mas deixam ao “Deus” dará os frequentadores das estradas sem qualquer marcação. Uma verdadeira selvageria.

Outra medida irracional é a velocidade máxima de 120/km nas autoestradas. Não se compreende que a velocidade máxima seja exatamente a mesma desde que apareceram as primeiras autoestradas, quando, hoje em dia, os automóveis, nada têm a ver com os que foram construídos há 50 anos.

Até os pneus foram sujeitos, ao longo de décadas, a severos testes, com estudos atrás de estudos, com a finalidade de oferecerem uma maior segurança dos automobilistas e motociclistas. Obviamente que todos os locais vigiados por radares estão devidamente sinalizados, uma vez que o objetivo principal é a dissuasão do não cumprimento dos respetivos limites de velocidade, mas não é compreensível que a velocidade máxima nas autoestradas seja de 120 km/, exatamente a mesma daquela que é praticada há décadas. A selva no asfalto continua…

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