Mitsubishi ASX 1.0 Bifuel com maior autonomia
Em território nacional, 10% dos postos de abastecimento de combustível fornecem GPL. Do lado dos motores a combustão interna, a poupança de combustível e o impacte ambiental são favoráveis ao gás de petróleo liquefeito. Todavia, num modelo que declina em motores a combustão e híbridos, a proposta bifuel coloca questões interessantes, neste “SUV” classe 1.
FAUSTO MONTEIRO GRILO
O sector automóvel é fértil em novidades, mas nem todas são niveladas pela mesma bitola, mesmo quando “capturam” as sinergias com outras marcas. Para alguns, as imposições regulamentares, seriam de bom grado trocadas por mais potência. Outros, haverá que apreciam as novas tecnologias, ou atribuem mais foco aos custos de utilização, desde os consumos de combustível aos gastos em manutenção programada – vulgo revisões.
Nos números mais importantes, os ASX estão balizados entre os 22.500 e 28.500 euros, enquanto o bifuel começa nos 24.207 euros sem contar com as despesas de legalização, transporte e preparação. Face ao anterior modelo e com ligeiras diferenças nas cotas, o ASX não chega aos quatro metros e meio (4.228mm), passa ligeiramente o metro e meio na altura (1.573mm) enquanto na largura e sem contar com espelhos retrovisores, não chega aos dois metros (1.797mm).
A bagageira concede 332 litros, e mediante acerto longitudinal do assento traseiro (160mm) é possível contar com mais 69 litros, para um total de 401 litros. Além das alterações estéticas e de acordo com as exigências europeias, o ASX está equipado com diversos sistemas que contribuem para a segurança ativa e passiva, tendo conquistado quatro estrelas nos testes de embate Euro NCAP (Novembro 2024).
O acesso ao interior é mais fácil para os lugares traseiros do que aos dianteiros, em especial no lugar de quem se sentar ao volante. Consoante estaturas e devido à acentuada inclinação do pilar “A” e para quem escolher uma posição de condução mais alta, o acesso fica um pouco mais condicionado em termos de ângulos de acesso.
Todavia, sublinhe-se, que é muito fácil encontrar uma boa posição de condução e também melhorar o acesso, devido aos diversos ajustes do banco (assento e costas), coluna de direção e posicionamento do volante.
Uma vez no interior é possível constatar a boa qualidade dos materiais empregues, o bom nível de finalização e os diversos espaços para arrumos que, de acordo com dados do construtor, totalizam os 22 litros. Em destaque e em posição central, um visor de 10,4” permite acesso a diversos menus e sub-menus para avaliar a condução, encontrar definições, entre outros.
Uma vez no interior do ASX, a boa habitabilidade e o agradável envolvimento dos bancos dianteiros, concedem boas sensações, existindo vários espaços para arrumos distribuídos no porta-luvas, portas e entre os assentos dianteiros.
Com boa visibilidade para a frente e laterais, o visor central permite visualização das manobras de marcha-atrás, existindo linhas para identificar o perfil da carroçaria e as trajetórias das rodas.
Face à relação peso/potência do 1.0 a gasolina de 101cv, as reprises e acelerações não se evidenciam, em especial se pensarmos noutras motorizações. Para chegar dos 0-100 km/h o ASX 1.0 precisa de 14,0 segundos mas existem dois pontos a destacar no comportamento dinâmico: a funcionalidade e o conforto de rolamento.
A boa posição de condução, um volante preciso e com bom toque e os comandos bem posicionados, contribuem para a funcionalidade e facilidade na condução, enquanto a eficácia das suspensões, o apoio dos assentos dianteiros e a subtil tendência para o rolamento, concedem um bom nível de conforto de rolamento, para o qual também contribui a boa insonorização. A travagem é de bom nível e ajuda a mitigar o menor retardamento do travão-motor.
Dentre os mercados europeus, apenas cinco (França, Itália, Holanda, Polónia) apresentam a proposta bifuel que, no mercado nacional, encontra poucos concorrentes. Como acontece com qualquer outro automóvel, e em especial para os que equacionam os custos de aquisição, manutenção e utilização, esta versão bifuel concede alguns benefícios face ao gasolina. Um destes tem a ver com a potência de 101cv face aos 91cv do gasolina que tem o mesmo bloco de três cilindros e 999cc+turbo injecção multiponto e filtro de partículas.
Outra vantagem reside no facto de utilizar um combustível mais barato e a rondar o euro/litro, embora o consumo de GPL seja mais elevado e menos variável quando se analisam os parciais. Por outras palavras, em descida ou desaceleração, é possível obter uma variação evidente (01 a 02 litros) no consumo parcial no gasolina, enquanto o GPL demora mais tempo e as variações são menores (0,1 a 0,2 litros) no consumo parcial. Por fim e não menos importante, os valores de renda mensal nos financiamentos, são favoráveis ao gasolina face ao bifuel.
Num breve contacto ao volante e em percurso misto (AE+EN+Urbano) o ASX bifuel registou 8,1 litros/100 km a GPL e 6,1 litros/100 km a rodar a gasolina. Perante estes números e para quem possa aceder a benefícios fiscais, estes são de 50% na aquisição e abastecimentos. Ainda no mercado nacional e face à legislação existente, o IUC é semelhante (111,46 euros) mesmo com o bifuel a emitir menos CO² – 124 g/km face aos 134 g/km do gasolina.
Em resumo, o que se paga a mais na aquisição do bifuel, permite usufruir de maior autonomia, e um custo de combustível mais baixo. A cinco anos ou 100.000 quilómetros, durante os quais a Mitsubishi concede garantia, pode ser relevante de acordo com a utilização, num automóvel que desde Janeiro de 2013 deixou de ter restrições de estacionamento (Dec Lei 13/2013 de 31 de janeiro).