Regulamentos desportivos: Campeonato Portugal de Ralis é excepção
A Federação Portuguesa de Automobilismo e Karting (FPAK) divulgou os regulamentos desportivos dos seus campeonatos e o Campeonato de Portugal de Ralis (CPR) é excepção…
Pedro Roriz
No que diz respeito ao CPR é de referir o regresso do Campeonato de Portugal de Marcas, que tinha tido a última edição em 2012, regressado de forma esporádica em 2020 e que volta a ser uma realidade, que deve ser mantida qualquer que seja o número de marcas que nele apostem, porque será, sempre, um motivo para aumentarem o seu envolvimento, em especial em termos financeiros.
Em todas as competições acaba a inscrição prévia nos respectivos campeonatos, com excepção do CPR onde quem quiser pontuar tem de pagar uma caução de 2.350 euros, que será devolvida após a quarta participação se o interessado participar em pelo menos uma das quatro primeiras provas do campeonato.
Esta a forma de impedir que, nas provas internacionais, no caso Rali Serras de Fafe, Felgueira, Boticas e Cabreira, Rali Terras d’Aboboreira, Vodafone Rali de Portugal e Rali Vinho Madeira, as equipas estrangeiras que compitam ao volante dos RC2 não pontuem no campeonato, ao contrário do que já sucedeu no passado.
Contudo quem participar, apenas, a partir da quinta prova não pontuará, alegadamente, para que não haja inscrições que visem “roubar” pontos aos potenciais candidatos ao título, quando as opções estratégicas fazem parte de qualquer jogo e não deve ser a entidade federativa a condicioná-las, antes deixando a quem participa encontrar forma de as neutralizar.
Esta situação é extensiva às restantes competições, ainda que sem caução, o que implica que quem queira pontuar terá de participar, pelo menos numa prova da primeira metade do respectivo campeonato.
O anúncio de que o irlandês Craig Breen vai participar no CPR ao volante de um Hyundai i20 N Rally2 coloca uma questão que terá de ser defenida antes do arranque do campeonato: pode o irlandês conquistar o título?
De acordo com o regulamento federativo pode, por nada no seu texto o impedir, mas há quem defenda o contrário. Inexplicável o facto do regulamento do CPR permitir a presença dos WRC nas suas provas, o que se saúda, não podendo averbar pontos, o que está certo, ou «entrarem na classificação final do rali nem os seus tempos serem publicamente anunciados», o que é desvirtuar a concepção das provas de estrada, em que todos percorrem o mesmo traçado e ganha quem fizer o menor tempo.
Para as organizações, a presença dos WRC, para além do Vodafone Rali de Portugal, será sempre uma forma de promoção das respectivas provas e não reconhecer o vencedor desvirtua a realidade.
Também no Campeonato de Portugal de Todo-o-Terreno, embora sem caução, quem só participar a partir da quinta prova não pontua.
Continua a pontuação de um ponto, para quem termina para além do 10.º lugar numa prova, algo que nos faz ser diferentes da maior parte das competições mundiais, europeias e de outros países, onde apenas os 10 primeiros são pontuados e o descartar o pior resultado, o que desvirtua o resultado final da competição que, como sucede noutras modalidades, devia contabilizar todos os resultados, como sucede nos campeonatos de Marcas e Equipas.
Se o objectivo é permitir que, por vaidade, agora que não há inscrições nos campeonatos, com excepção do CPR, todos apareçam na classificação final é a decisão correcta.
Qual é o significado de ser 35.º e somar um ponto? Mas lá vamos cantando e rindo, mais um ano…