DAKAR

Luta nas motos intensifica-se no Rali Dakar

Ao fim de nove dias de competição, marcados pelas más condições atmosféricas, na segunda parte da semana, que obrigou a adaptações ao que estava programado, homens e máquinas descansam, na capital saudita, Riyadh, com as equipas de mecânicos a disporem de tempo para reparar os estragos provocados pelas “armadilhas” do terreno.

PEDRO RORIZ E CARLOS SOUSA (auto.look2010@gmail.com)

Nas motos, o americano Skyler Howes (Husqvarna) vai arrancar para a segunda parte da prova no comando, com 1m13s de vantagem sobre o argentino Kevin Benavides (KTM), vencedor em 2021, e o seu compatriota Mason Klein (KTM). No entanto, o número de candidatos ao triunfo não se esgota nos três primeiros, uma vez que os seis primeiros estão separados por menos de três minutos, estando nesse lote o australiano Toby Price (KTM), que ganhou em 2016 e 2019.

O australiano Daniel Sanders (GasGas) e o espanhol Joan Barreda Bort (Honda), apesar de um dedo do pé partido, que estão a menos de 10 minutos de Skyler Howes, também estão na corrida pelo triunfo e mesmo o austríaco Matthias Walkner (KTM), que triunfou em 2018 e fecha o “top ten” a pouco mais de 20 minutos do comandante, está na corrida pelo triunfo. A segunda parte promete ser animada para as duas rodas, que é a categoria onde a luta pelo triunfo reúne mais candidatos.

Ao contrário do que sucede nas motos, tudo aponta para que o qatari Nasser Al-Attiyah (Toyota) averba o quinto triunfo, segundo consecutivo, ao somar mais de uma hora de avanço sobre o sul-africano Henk Lattegan (Toyota) pelo que não precisa de arriscar para somar mais triunfos nos Setor Seletivo para juntar aos três que já alcançou.

Critico da decisão da FIA, já durante a realização da prova, de permitir o aumento da potência dos Audi, Nasser Al-Attiyah aproveitou os problemas dos carros da marca alemã, que viram o “senhor Dakar”, o francês Stéphane Peterhanel, abandonar, depois de uma violenta queda numa duna, quando era segundo, e o sueco Mattias Ekstrom e o espanhol Carlos Sainz atrasarem-se de forma significativa, deixando o qatari sem adversários.

À partida, Nasser Al-Attiyah tinha considerado o francês Sébastien Loeb (BRX) o seu mais direto adversário, mas o tempo perdido logo no terceiro dia atrasou-o de forma irremediável e apesar de ter vencido dois SS e ter sido segundo noutros dois a recuperação só o levou ao quarto lugar, mas a quase duas horas do piloto da Toyota, restando-lhe a esperança de poder chegar ao pódio.

Nos T3, a luta pela vitória será travada entre o belga Guillaume De Mevius (OT3) e o americano Austin Jones (BRP Maverick) que partem para a segunda parte separados por 3m19s, com o americano Seth Quintero (BRP Maverick) a ser um terceiro tranquilo, uma vez que está a mais de uma hora do duo da frente.

Por outro lado, tem mais de uma hora de vantagem sobre o seu mais direto perseguidor, o chileno Francisco Lopez Cortado (CAN-AM XRS), vencedor da categoria em 2019, 2021 e 2022, afastado da hipótese de um quarto triunfo.

Nos T4, o lituano Rokas Basciuka (CAN-AM Maverick XRS Turbo) termina a primeira parte no comando, mas os pouco mais de 20 minutos que separam os seis primeiros deixam tudo em aberto para a segunda parte, com o brasileiro Rodrigo Luppi de Oliveira (CAN-AM Maverick XRS Turbo) que ocupa essa posição, depois de ter comandando nos dias anteriores, a continuar no lote de candidatos ao triunfo final.

PORTUGUESES DAS ARÁBIAS…

Ao contrário do que sucedeu em anos anteriores, desta vez a sorte não esteve do lado dos portugueses, muito em especial no capítulo das duas rodas, onde só restam dois dos cinco que alinharam à partida.

O destaque vai para o triunfo no derradeiro Setor Seletivo da primeira parte da dupla João Ferreira/Filipe Palmeiro (Yamaha X-Raid) nos T3, o que permite ao primeiro juntar-se a Duarte Guedes, Carlos Sousa e Ricardo Leal dos Santos no lote de pilotos portugueses que venceram um Setor Seletivo, enquanto o segundo vê o seu nome juntar-se aos de João Luz, Miguel Ramalho e Paulo Fiúza. No ano de estreia na prova, o campeão nacional de Todo-o-Terreno mostrou que vai ser preciso contar com ele no futuro

Tal como João Ferreira, também Ricardo Porém (Yamaha X-Raid) e Hélder Rodrigues (CAN-AM Maverick XRS), que está de volta à competição, depois de quatro anos de ausência e de ter subido ao lugar mais baixo do pódio das duas rodas por duas vezes (2011 e 2012), tiveram problemas que os atrasaram, de forma significativa.

Um cenário que faz de João Pedro Ré, navegador do saudita Saleh Alsaif (CAN-AM X3), cuja prova se tem pautado pela regularidade, o melhor dos portugueses na categoria, ao ocupar o sexto lugar da geral.

Nos T4, Pedro Bianchi Prata, navegador do brasileiro Bruno Conti de Oliveira (CAN-AM Maverick), terminou a primeira parte da prova no lote dos 10 primeiros.

Sem pilotos nos automóveis, Portugal está representado por dois navegadores, ambos a navegarem pilotos lituanos, atrasados de forma significativa por problemas mecânicos.

Mesmo assim conseguiu levar Viadotas Zala (Toyota) ao segundo lugar no penúltimo SS, enquanto José Marques tem tido piores resultados ao lado de Gintas Petrus (Optimus).

Nas motos. Joaquim Rodrigues (Hero) foi o primeiro a abandonar, em consequência de uma queda, depois de ter fechado o lote dos 10 primeiros no Setor Seletivo anterior e quando estava a recuperar posições.

António Maio (Yamaha) desistiu no ao fim de 50 metros da quinta etapa, quando estava nos 20 primeiros da geral e Rui Gonçalves (Sherco) renunciou no Setor Seletivo seguinte, depois de, tal como Joaquim Rodrigues, ter sido 10.º e de estar entre os 20 primeiros da geral.

Como curiosidade refira-se que os três eram o melhor dos pilotos lusos quando renunciaram. Assim é o luso-alemão Sebastian Buhler (Hero), que começou por ser o melhor dos portugueses ao ser 13.º no Setor Seletivo de abertura e ascendeu ao 10.º posto, na segunda etapa onde foi segundo, “afundou-se” dois Setores Seletivos depois, mas terminou a primeira parte com o sétimo tempo, sendo agora 26.º da geral, 11 posições à frente de Mário Patrão (KTM), que é quinto entre os Original by Motul, aqueles que fazem a sua própria assistência.

Amanhã, a competição regressa à estrada com a ligação Riyadh – Haradh, por um percurso de 686 km, dos quais 358 km percorridos em SS, que começa por “oueds” e desfiladeiros, que podem provocar erros de navegação, para terminar com uma zona de dunas.

CLASSIFICAÇÕES

GERAL

MOTOS – 1.º, Skyler Howes (Husqvarna), 30.34’16”; 2.º, Kevin Benavides (KTM), a 1’13”; 3.º, Mason Klein (KTM), a 1’13”; 4.º, Toby Price (KTM), a 1’58”; 5.º, Pablo Quintanilla (Honda), a 2’45”; 6.º, Adrien van Beveren (Honda), a 2’49”; 7.º, Daniel Sanders (GasGas), a 7’03”; 8.º, Joan Barreda Bort (Honda), a 7’21”; 9.º, Jose Ignacio Cornejo (Honda), a 19’32”;  10.º, Matthias Walkner (KTM), a 22’35; …; 26.º, Sebastian Buhler (Hero), a 3.49’57”; …; 37.º, Mário Patrão (KTM), a 6.42’54”

AUTOMÓVEIS – 1.º, Nasser Al-Attiyah/Mathieu Baumel (Toyota), 31.02’58”; 2.º, Henk Lategan/Brett Cummings (Toyota), a 1.03’46”; 3.º, Lucas Moraes/Timo Gottschalk (Toyota), a 1.20’22”; 4.º, Sébastien Loeb/Fabian Lurquin (Hunter), a 1.52’06”; 5.º Giniel De Viliers/Dennis Murphy (Toyota), a 2.04’20”; 6.º Romain Dumas/Max Delfino (Toyota), a 2.27’11”; 7.º, Martin Prokop/Viktor Chytka (Raptor RS Cross Country), a 2.37’00”; 8.º, Brian Baragwanath/Leonard Cremer (Century), a 2.42’06”; 9.º, Wei Han/Ma Li (SMG), a 3.15’03”; 10.º, Juan Cruz Yacopini/Daniel Oliveras (Toyota), a 3.40,22”; …; 69.º, Vaidotas Zala/Paulo Fiúza (Hunter), a 68.07’33”; 50.º, Gintas Petrus/José Marques (Optimus), a 69.12’37”

SSV (T3) – 1.º, Guillaume De Mevius/François Cazalet (OT3), 36.03’09”; 2.º, Austin Jones/Gustavo Gugelmin (BRP Maverick), a 3’19”; 3.º, Seth Quintero/Dennis Zenz (BRP Maverick), a 1.02’25”; 4.º, Francisco Lopez Cortado/Juan Pablo Latrach (CAN-AM XRS), a 2.30’51”; 5.º, Cristina Gutierrez/Pablo Moreno (BRP Maverick), a 2.53’37”; 6.º, Saleh Alsaif/João Pedro Ré (CAN-AM X3), a 3.47’44”; …; 17.º, Ricardo Porém/Agusto Sanz (Yamaha X-Raid), a 11.07’18”; …; 31.º, Hélder Rodrigues/Gonçalo Reis (CAN-AM Maverick XRS), 34.15’27”; …; 37.º, João Ferreira/Filipe Palmeiro (Yamaha X-Raid), a 44.53’42”

SSV (T4) – 1.º, Rokas Baciuska/Oriol Vidal (CAN-AM Maverick XRS Turbo), 33.08’46”; 2.º, Marek Gozcal/Maciej Maron (CANAM Maverick XRS Turbo), a 5’42”; 3.º, Eryk Gozcal/Oriol Mena (BRP CAN-AM Maverick XRS Turbo), a 6’23”; 4.º, Gerard Farres Guell/Diego Ortega (CAN-AM Maverick XRS Turbo), a 11’28”; 5.º, Michal Gozcal/Szymon Gospodarczyk (CAN-AM Maverick XRS Turbo), a 18’28”; …; 9.º, Bruno Conti de Oliveira/Pedro Bianchi Prata (CAN-AM Maverick), a 1.55’55”.

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